Resumo: |
Fundada por volta de 1881, a Corporação Musical Operária da Lapa, conhecida como Banda da Lapa, é a única sobrevivente de uma miríade de bandas amadoras que embalaram a cidade de São Paulo durante a Primeira República (1889-1930). Tendo em conta dois períodos de sua longeva trajetória: os três primeiros decênios do século XX e os dois primeiros do XXI, esta dissertação, dentro do campo dos Estudos Brasileiros, se concentra nos espaços socialmente produzidos pela classe operária tanto em sua formação concomitante com a urbanização e industrialização paulistana quanto na atualidade a partir das práticas espaciais da Banda da Lapa. Para explicar esses espaços e o papel dos músicos operários como produtores de espaços no transcorrer da vida cotidiana, recorro respectivamente a Henri Lefebvre ([1974] 2013), cuja teoria permite a apreensão do espaço em três momentos dialéticos: o concebido (racionalizado), o percebido (sensivelmente) e o vivido (em termos simbólicos e pela poiesis), bem como a compreensão da cotidiano (LEFEBVRE,[1968]1991) como locus prenhe de possibilidades históricas. No espaço vivido, produto das práticas não-hegemônicas, evidenciam-se as contribuições culturais do operariado tanto na conquista dos primeiros espaços públicos da cidade, a fim de romper com a segregação e participar da vida urbana, quanto na criação de um espaço que abriga a memória, a sede da Banda, e possibilita que gerações de músicos grupo prolonguem essa tradição. |
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