Vidas secas: ideologia e discurso jurídico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Soares Júnior, Silvio Sandro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2139/tde-08102020-211116/
Resumo: A pesquisa consiste na análise interdisciplinar entre um tema da Filosofia do Direito e uma obra literária. A obra em questão é Vidas Secas, de Graciliano Ramos, um romance da década de 1930 que, dentre as tensões que merecem atenção, estabelece uma em específico, através da qual são apresentados parâmetros para a compreensão da sociedade brasileira da época, com todas as contradições pertinentes do período histórico que motivaram a escrita do romance. A literatura se encontra com a Filosofia do Direito na medida em que as teorias críticas de Althusser e Pachukanis (Ideologia e Aparelhos Ideológicos de Estado e A Teoria Geral do Direito e o Marxismo, respectivamente) desenham abordagens sobre o Direito e sobre o Estado que estão representadas em Vidas Secas. Em Pachukanis, lê-se a forma como o discurso jurídico cria seu próprio mito fundador e desenvolve o modelo de subjetivação através do qual os seres humanos se constituem sujeitos de direito na modernidade. A contribuição althusseriana indica as formas de manutenção das máximas discursivas que forjam personalidades - jurídicas e físicas - no pleno momento da forma política estatal. Os discursos do trabalhismo, dos binômios indústria x agricultura, moderno x arcaico, urbano x rural, presentes em Vidas Secas, revelam as tensões através das quais Estado e Direito conseguem forjar uma sociedade brasileira capitalista de reposição do subdesenvolvimento em prol do regime de acumulação e dos consagrados privilégios elitistas em detrimento das vidas - secas - dos explorados. Neste sentido, a pesquisa tem como objetivo, através do aporte teórico marxista, fazer a leitura do romance da década de 30 como crítica ao modelo jurídico, ou mais, como crítica às formas política e estatal nas quais se desenvolve o mundo jurídico contemporâneo.