Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Silva, Eliane Dias da |
Orientador(a): |
Spritzer, Poli Mara |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/206866
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Resumo: |
A disforia de gênero é definida pela incongruência entre o gênero de nascimento e o gênero de identidade, com duração superior a 6 meses. Esta condição está associada a um sentimento de insatisfação persistente com o sexo designado ao nascimento e um desejo de tornar seu corpo compatível com o sexo desejado, seja através do tratamento hormonal cruzado e/ou da cirurgia de afirmação sexual. Os indivíduos submetidos ao tratamento hormonal cruzado podem apresentar melhora da qualidade de vida com o tratamento adequado. Os objetivos do presente estudo foram avaliar a qualidade de vida das mulheres e homens trans que fazem uso de tratamento hormonal cruzado, verificar associações entre escores de qualidade de vida e características clínicas do gênero de identidade e entre escores de qualidade de vida e variáveis sociodemográficas, em ambos os grupos. Para isso, foi realizado coleta dos dados sociodemográficos tais como nível de escolaridade, situação ocupacional, estado civil, entre outros, no prontuário eletrônico do paciente. O exame físico incluiu grau de desenvolvimento mamário nas mulheres trans e grau de pilificação corporal nos homens trans, por meio da escala de Tanner e a escala de Ferriman-Gallwey, respectivamente. Para avaliação da acústica vocal nos homens trans, foi realizada a gravação da voz em uma cabine audiométrica, posteriormente foram extraídos diferentes parâmetros da gravação, foi considerado uma frequência fundamental entre 80 a 150Hz para os homens. Para avaliar a qualidade de vida, foi utilizado o questionário WHOQOL-bref, os escores de cada domínio foram transformados numa escala de 0 a 100%, sendo que escores mais altos sugerem melhor percepção de qualidade de vida. Para análise estatística, inicialmente, foi realizado análise descritiva dos dados, com cálculo de média e desvios padrão, para as variáveis contínuas. Para as variáveis nominais ou categóricas, foi analisado a frequência e percentagem. Foi realizado teste “t” de Student ou ANOVA, para comparação entre as médias de dois ou mais grupos e as correlações os pelo teste de Pearson. Foi considerado estatisticamente significativo valor de p <0,05. O grupo de participantes são mulheres e homens trans que estão em acompanhamento no ambulatório do PROTIG e no ambulatório de gênero do Serviço de Endocrinologia, ambos do HCPA. Tendo como critérios de inclusão terem mais de 18 anos, diagnóstico confirmado de disforia de gênero e estar em uso por pelo menos seis meses de TH cruzada e de exclusão ter realizado a cirurgia de afirmação sexual. Foram avaliadas 60 mulheres trans e 53 homens trans com média de idade e IMC com intervalo de confiança de 95% de 32,52(30,84-34,20) anos e 27,96(26,97- 28,96) kg/m², respectivamente. A maioria (58,4%) já havia realizado tratamento hormonal cruzado prévio. A média e o intervalo de confiança de 95% de tratamento hormonal cruzado foi de 21,81(20,26-23,36) meses. A maioria possuía mais de 9 anos de escolaridade (75,2%), estavam empregados (69%) e 42.5% estavam em uma união estável. Uma pequena parte (23,9%) realizava atividade física regular. Apenas 11,5% eram tabagistas e 1,8% eram etilistas ou utilizavam drogas ilícitas. Um terço das mulheres trans havia colocado implante de prótese mamária e 51,7% apresentavam desenvolvimento mamário equivalente a Tanner ≤ 3. Apenas 24,5% dos homens trans já haviam realizado mastectomia e 56,6% apresentavam escore de distribuição de pelos corporais Ferriman-Gallwey ≥ 21. Com relação à qualidade de vida, a média dos escores de ambos os grupos foram: 68,23±17,85 no domínio físico, 63,40±17,15 no domínio psicológico, 69,61±20,94 no domínio relações sociais, 60,23±14,55 no domínio do meio ambiente e 73,23±17,82 na qualidade de vida em geral, mas não houve diferença significativa entre os grupos. As mulheres trans apresentaram associação positiva significativa entre os escores de domínio físico e estadiamento de Tanner ≥ 4 (p=0,013), bem como entre domínio de relações sociais e união estável (p=0,011) e IMC (p = 0,024). Os homens trans apresentaram associação positiva significativa entre união estável e os domínios físico (p=0,010), psicológico (p=0,032), relações sociais (p=0,049) e qualidade de vida geral (p=0,049), bem como entre escore de Ferriman-Gallwey ≥21 com os domínios físico (p=0,014), psicológico (p=0,026) e relações sociais (p=0,049). Foi observada associação positiva significativa entre a prática de atividade física e os domínios físicos (p= 0,019), psicológico (p= 0,050), relações sociais (p=0,048) e meio ambiente (p=0,003), e entre estar empregado com os domínios físico (p=0,004) e psicológico (p=0,010). Em uma sub-amostra de 29 homens trans foi realizado análise acústica vocal. Aproximadamente 76% dos individuos não havia realizado tratamento hormonal prévio, e 10,3% reportou tabagismo. Foi observado, uma frequência fundamental e IMC com média e intervalo de confiança de 95% de 117,77(108,71-126,83) Hz e 29,16 (27,02-31,30) kg/m², respectivamente. Foi observado uma associação significativa positiva entre a qualidade de vida em geral e variável Jita (Jitter absoluto) ≤ 83.200us (p=0,049) e uma correlação positiva entre IMC e a frequência fundamental (r = ,604) (p=0,021). Em conclusão, as mulheres trans apresentaram melhores escores de qualidade de vida em relação aos homens trans. Entre as mulheres trans um maior desenvolvimento mamário, relacionamento estável e maior IMC apresentam associação com maiores escores de qualidade de vida. Entre os homens trans, os maiores escores de qualidade de vida foram associados com relacionamento estável, pilificação corporal, atividade física regular e estar empregado. Em relação à acústica vocal, os homens trans com IMC elevado apresentaram f0 mais alta, e maiores escores de qualidade de vida com Jita ≤ 83.200us. |