Crítica de cinema e acontecimento: a trajetória do filme La La Land, Cantando Estações na disputa pelo Oscar 2017

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cousin, Calvin da Silva
Orientador(a): Golin, Cida
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/211253
Resumo: Esta pesquisa investiga a cobertura da cerimônia do Oscar realizada por jornalistas especializados em premiações. Partimos da perspectiva das teorias sobre acontecimento, base da prática jornalística, segundo as quais a entrega do prêmio pode ser encarada como um acontecimento midiático por excelência, enquanto toda a temporada de premiações hollywoodianas é marcada por acontecimentos que resultam na "corrida do Oscar". As produções dos jornalistas especializados, inseridas na lógica do jornalismo cultural, inevitavelmente se configuram como uma forma de traçar crítica sobre os filmes e estrelas considerados ao prêmio, possuindo caráter meta-acontecimental por, elas próprias, ressignificarem a concepção de seus objetos de análise. Desta forma, buscamos compreender como esses jornalistas configuraram a trajetória de um filme durante a temporada de premiações. Para fins deste estudo, será contemplada a corrida do Oscar 2017, marcada pelo favoritismo do filme musical La La Land - Cantando Estações, até o momento em que este foi anunciado como o vencedor do prêmio máximo, para, em seguida, se descobrir que houve um engano e o verdadeiro vencedor era Moonlight - Sob a Luz do Luar. Assim, utilizando como metodologia Análise de Conteúdo com o intuito de investigar o poder hermenêutico dos acontecimentos, foram selecionados trinta textos de três jornalistas estadunidenses sobre distintos momentos da corrida, objetivando descobrir como o texto crítico configurou a trajetória de La La Land e, consequentemente, a maneira como o próprio filme pode ser entendido. Contemplamos as modalizações de opinião e eventos externos à corrida do Oscar que eram invocados pelos jornalistas para contextualizar as chances do filme na disputa, bem como a forma como a premiação ressignifica as obras que a ela são cotadas, e evidenciamos a relação entre a atividade crítica e a produção de meta-acontecimentos. Verificamos que, logo após seu lançamento, o musical foi projetado como o favorito ao prêmio e serviu como parâmetro para a avaliação de todas as outras obras que estavam na disputa. Após novembro de 2016, a eleição de Donald Trump se torna um elemento constante nos textos, e surge como indicador de que o filme talvez seja por demais frívolo ou escapista para vencer, dissonante com o espírito do tempo. Percebe-se que a corrida do Oscar, um acontecimento ritual, precisa de novos enredos todos os anos para se manter atrativa, e a história que é apresentada pelos jornalistas como alternativa à de La La Land – filme feito sob medida para a premiação – é a do movimento OscarSoWhite, sobre disputas raciais em Hollywood e da qual Moonlight é adotado como símbolo. Ao final, a jornada do musical é desbancada, mas a espetacular falha no anúncio de Melhor Filme se torna o verdadeiro acontecimento jornalístico da noite, ao invés da celebração dos vencedores. Os apontamentos críticos sobre o filme são todos relacionados ao seu potencial em premiações, de forma que sua derrota seja a lembrança que fica para a posteridade. Percebemos, logo, que o texto fundamentalmente crítico dos jornalistas emerge como uma das muitas ferramentas capazes de reconfigurar o filme diante o público e a indústria, servindo tanto para alavancá-lo ao patamar de favorito da temporada quanto para derrubá-lo da categoria.