As escolas do serviço de proteção aos índios em postos Indígenas Kaingang : entre os documentos oficiais e as vozes dos Kófa (1940-1967)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Medeiros, Juliana Schneider
Orientador(a): Bergamaschi, Maria Aparecida
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/220500
Resumo: Esta tese tem como tema central a história da educação escolar kaingang durante o período de atuação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) no Rio Grande do Sul. O objetivo da pesquisa foi compreender como a escola instituída a partir da política indigenista do SPI se concretizou entre os kaingang nos Postos Indígenas Nonoai e Guarita entre os anos de 1940 e 1967. Busquei relacionar a proposta de educação escolar pensada pela Diretoria do SPI; a execução do que foi planejado nos gabinetes por parte dos funcionários dos Postos Indígenas; e a forma como a escola foi vivida – e é lembrada hoje – pelas pessoas que conviveram com ela. Assim, a pesquisa contou com a participação direta de 32 kófa (velhos), a quem denomino coautores, por entender que eles são os autores principais das informações orais que compõem a tese. Utilizei-me também de inúmeras fontes escritas produzidas pelo órgão indigenista. Além disso, destaco o papel de outras pessoas kaingang, a quem chamei de colaboradores, pois contribuíram para pensar a pesquisa e foram imprescindíveis para a realização do trabalho de campo. O marco teórico-metodológico do trabalho baseia-se principalmente em escritos de autores indígenas, nos quais me inspirei para: constituir uma perspectiva de relacionalidade com os participantes da pesquisa; estabelecer uma ética de pesquisa adequada ao contexto e modo de conhecer indígena; fazer uma história oral indígena; e definir um método conversacional para as entrevistas. Nesta tese busquei apresentar o maior número de informações sobre a escola do SPI nas comunidades estudadas, na medida em que não existem trabalhos anteriores sobre o tema. A importância do estudo também se justifica por procurar contribuir com o movimento atual de construção da escola indígena específica e diferenciada. O trabalho mostra que a escola do SPI em Nonoai e Guarita teve diversos momentos de descontinuidades e, mesmo quando esteve em funcionamento, constituiu-se em lugar de impermanência, sendo pontual na vida das pessoas e das comunidades. O currículo desta escola tinha como base a alfabetização em língua portuguesa, mas os dados evidenciam que ela pouco ensinou. Embora o uso da língua kaingang em sala de aula não fosse proibido, ela não tinha espaço na formalidade da escola, mas apesar disso, mantinha-se viva e potente entre as crianças. A memória dos kófa sobre seu passado escolar apresenta ambiguidades, mas de modo geral é positiva. O Serviço de Proteção aos Índios foi responsável pela introdução das escolas nas comunidades kaingang do Rio Grande do Sul, mas seu alcance junto aos alunos em Nonoai e Guarita foi limitado em termos de matrícula, frequência, permanência e aprendizagem.