Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Ferreira, Bruno |
Orientador(a): |
Bergamaschi, Maria Aparecida |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/219241
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Resumo: |
Este trabalho, Ũn si ag tũ pẽ ki vẽnh kajrãnrãn fã, está baseado nos pressupostos da educação escolar indígena do Brasil e de experiências vividas por mim, como Kaingang, estudante, professor-pesquisador, gestor, ativista no movimento indígena e doutorando em Educação. É a partir destas vivências que produzo reflexões a respeito de inquietações e dificuldades em compreender a escola e o seu papel junto às comunidades Kaingang, tendo como referência as escolas do Rio Grande do Sul. A pesquisa evidencia a importância da educação escolar indígena a partir de seus processos próprios de aprendizagem, que considera a cultura, os costumes, a tradição e concepções de mundo, que são fundamentais na construção de políticas públicas para a escola Kaingang. No estudo que compõe esta tese, procurei compreender a chamada escola “para índio” e a relação desta com a construção da escola pensada e em processo de construção pelos indígenas a partir de suas concepções de educação, de sociedade e de mundo, respeitando outras formas de construir conhecimentos. Proponho caminhos para construção da escola kaingang, superando os modelos e políticas educacionais construídas pelos brancos, ou seja, pelos não indígenas. Para tanto, destaco a reflexão envolvendo outros sujeitos, como os velhos sábios kaingang, que contribuem para mudanças fundamentais e necessárias na educação escolar de nosso povo, bem como ajudam a construir uma escola que fortaleça a identidade cultural, a pedagogia kaingang e os conhecimentos produzidos em tempo espaço ancestrais. Considero, igualmente, que estes conhecimentos originários possam dialogar com os conhecimentos produzidos por outras sociedades, numa relação de igualdade – relação intercultural – e na disposição de construir o presente e o futuro. A pesquisa assentou-se em uma metodologia colaborativa, ressignificada nos fundamentos da reciprocidade e da complementariedade, baseada na relação cosmológica kaingang Kamẽ e Kajru. Nesse sentido, destaco a roda de conversa como fundamental na construção colaborativa, envolvendo os Kófa (velhos), os Kujá, pessoas das comunidades, professores e estudantes, que expressam suas ideias na língua materna. No decorrer das conversas utilizo a tradução como estratégias de ressignificação de conceitos, como Ũn si ag tũ pẽ ki vẽnh kajrãnrãn fã - antigos caminhos e próprios dos velhos aprender e aprender junto e de conceitos escritos na língua portuguesa, a fim de propiciar melhor compreensão aos colaboradores. Apresento práticas pedagógicas do Instituto Estadual de Educação Indígena Ângelo Manhká Miguel, espaço de formação de professores kaingang, como exemplo de experiências concretas para construção da escola própria. O trabalho procura fortalecer os conhecimentos e a cultura kaingang. Resulta desta pesquisa a proposição de uma escola que contribua e facilite as lutas pela manutenção do povo com suas diferenças, afirmando as relações de poder e autonomia dos kaingang e, de maneira geral, dos povos indígenas. |