Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Stocker, Pâmela Caroline |
Orientador(a): |
Benetti, Márcia |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/174827
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Resumo: |
Esta tese investiga a produção e disputa de sentidos na relação texto-leitor quando a mídia de referência apresenta novos mapas culturais de significado a respeito de gênero em suas pautas. Por meio dos pressupostos da Análise de Discurso (AD) e uma atitude teórico-metodológica inspirada na análise enunciativa de Foucault (1969), 2.460 comentários de leitores foram analisados. Os comentários foram coletados de sete diferentes reportagens que abordaram o tema da transexualidade publicadas no Facebook da revista Galileu, do Globo Repórter, do Jornal Folha de S. Paulo e do programa Fantástico entre 2015 e 2017. Sabendo que as possibilidades do discurso são reguladas e regulamentadas por uma “ordem do discurso”, em que cada enunciado é entendido como um bem que tem regras de aparecimento, condições de apropriação e de utilização (FOUCAULT, 1971), o objetivo da tese é compreender e problematizar os sentidos manifestados pelos leitores em relação aos novos mapas de significado a respeito de gênero colocados em circulação pela mídia de referência em diferentes meios. Foram encontrados sete núcleos de sentido que atuam em duas frentes: 1. a fim de validar ou invalidar a os novos mapas de significado sobre a transexualidade, os leitores mobilizaram sentidos ligados à religiosidade, razões biológicas e menções ao preconceito; 2. para legitimar ou deslegitimar o jornalismo, os leitores expressaram sentidos ligados ao seu papel social, à abordagem classificada como “ideológica” ou ainda, em razão do caráter científico do enquadramento ou das publicações. O núcleo de sentido relacionado à empatia foi identificado tanto para validar os novos mapas quanto para legitimar o jornalismo. Na análise da amostra total de comentários, observou-se que a produção de sentidos sobre identidade e diferença realizada pelos leitores está diretamente relacionada aos modos de construção da reportagem pelo jornalismo. A escolha de enquadramentos mais sensíveis, fontes diferenciadas, estratégias narrativas mais plurais, a abertura para a voz e experiência do outro e a complexificação da pauta – que numa perspectiva epistemológica de gênero denotam valores do feminino – resultam em sentidos mais afeitos à empatia e abertura dos leitores para a equidade, respeito e compaixão. Por sua vez, os enquadramentos mais duros, o distanciamento das personagens e suas vivências, a tentativa de simplificação da temática, o uso de apenas fontes primárias técnicas e o uso de estratégias narrativas verticalizadas e autoritárias – numa abordagem classificada como masculinista – resultam em sentidos voltados à manutenção e transformação das diferenças em desigualdades e na interdição dos novos mapas pelos leitores. Por fim, observou-se que o jornalismo não interage diretamente com os seus leitores no espaço em rede, preferindo não se manifestar a respeito da conversação gerada no espaço dos comentários, mantendo-se em seu espaço institucionalizado. |