O último espetáculo da poesia brasileira: poesia no crepúsculo da cultura

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Malavolta, Bruno Darcoleto [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/213882
Resumo: Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar e Roberto Piva são os poetas que elegemos para um estudo de caso das interações entre poesia e sociedade no capitalismo tardio. Para tanto, nos serviremos das teorias do espetáculo, de Guy Debord, e da Industria Cultural, de Theodor Adorno e Max Horkheimer, além de contribuições do pensamento de Walter Benjamin, para observar de que forma essas três líricas, centrais no jogo de forças da literatura brasileira moderna e contemporânea, responderão à alienação da esfera da cultura, convertida para a lógica da mercadoria, bem como as diferentes posturas que adotariam o poema moderno e contemporâneo frente à ofensiva do racionalismo tecnicista sobre a imanência simbólica do texto lírico. Procuraremos observar como o Drummond de “Sentimento do mundo” buscaria, de um lado, realizar o diagnóstico precoce da chegada do capitalismo tardio na sociedade brasileira e, de outro, escapar à tese benjaminiana da morte do narrador, ao se agarrar a uma imanência linguística e cultural brasileiras que, pela sua pouca vinculação à cultura ocidental, conforme procuraremos demonstrar, ofereceria uma possibilidade de escape da crise do poético em que se achava o ocidente, o que analisaremos a partir de Antonio Candido, Roberto Schwarz e Paulo Eduardo Arantes. Em Gullar, observaremos em “Romances de cordel” e “Dentro da noite veloz” como o poeta promoveria uma fusão entre lírica, lógica e retórica, organizando seu poema em um discurso ideologicamente vincado à esquerda, na tentativa de resistência ao recrudescimento daquilo que Debord chamou de linguagem exterior do Estado. Finalmente, em Piva analisaremos seus manifestos, entrevistas e poemas de três fases distintas, para a compreensão de um último e decisivo ataque da lírica brasileira em direção à organização espetacular, quando o poeta voltaria a aproximar o texto lírico de sua imanência imagética, vinculando-o a uma postura cínica, pensada aqui a partir de Peter Sloterdijk, e buscaria responder ao racionalismo ocidental através da pantomima de uma sexualidade neopagã. O problema final a que ambicionamos é o confrontamento entre a tese debordiana da morte da cultura e a crise do texto poético, e os expedientes que a poesia empreenderá no esforço de sobrevivência de sua tradição dentro da literatura do ocidente.