Avaliação do processo de reparo peri-implantar em ratas tratadas com dose oncológica ou dose osteoporótica de zoledronato

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Toro, Luan Felipe
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181160
Resumo: Bisfosfonatos (BPs) são fármacos amplamente empregados no tratamento de condições que desencadeiam osteólise, atuando via inibição do processo de reabsorção óssea. Os BPs de maior potência, como o zoledronato, são utilizados para o controle da progressão de metástase óssea em neoplasias malignas osteotrópicas ou para o tratamento da osteoporose severa. Todavia, um dos seus efeitos adversos é a ocorrência da osteonecrose dos maxilares associada à terapia medicamentosa (ONM-M). Dentre os principais fatores de risco locais para a ONM-M destacam-se as intervenções odontológicas invasivas, como as cirurgias para instalação de implantes dentários osseointegráveis. Apesar do aumento no número de relatos clínicos de ONM-M após a instalação de implantes dentários em pacientes tratados com BPs, poucos são os estudos que visam compreender quais as alterações que desencadeiam esta condição. Diante disso, o objetivo deste estudo foi analisar o processo de reparo peri-implantar na tíbia de ratas tratadas com dose oncológica ou dose osteoporótica de zoledronato e avaliar a existência de correlação entre tal processo e a ocorrência de lesões osteonecróticas. Quarenta ratas (6 meses) foram distribuídas em dois experimentos: Experimento I: receberam injeções intraperitoneais (IP) de 0,45ml de solução de cloreto de sódio (NaCl) 0,9% (grupo VEI-ONC, n=10) ou desta mesma solução acrescida de 100µg/Kg de zoledronato (grupo ZOL-ONC, n=10), a cada 4 dias, durante 8 semanas; Experimento II: receberam injeções IP de 0,45ml de NaCl 0,9% (grupo VEI-OST, n=10) ou desta mesma solução acrescida de 100µg/Kg de zoledronato (grupo ZOL-OST, n=10), a cada 28 dias, durante 24 semanas. Em ambos os experimentos, decorridas 16 semanas do início do protocolo medicamentoso, os animais foram submetidos à instalação de um implante de titânio nas tíbias direita e esquerda. A eutanásia foi efetuada aos 56 dias pós-operatórios. Após a dissecção e realização de um minucioso exame clínico da região peri-implantar, as tíbias esquerdas foram submetidas ao escaneamento microtomográfico para análise da microarquitetura e estruturação do tecido ósseo peri-implantar e, posteriormente, ao processamento histológico por desgaste para análise histométrica do contato osso/implante (COI), um parâmetro para avaliação da osseointegração dos implantes de titânio. As tíbias direitas foram submetidas ao processamento histológico convencional pós-desmineralização, e as secções histológicas foram coradas pela hematoxilina-eosina para análise histopatológica dos tecidos peri-implantares e adjacentes, análise histométrica da porcentagem de tecido ósseo total (PTO-T) e da porcentagem de tecido ósseo não vital (PTO-NV) na região peri-implantar, ou destinadas à reação imunoistoquímica para detecção e quantificação da proteína morfogenética óssea 2/4 (BMP2/4, Bone morphogenetic protein 2/4), do fator de transcrição relacionado à runt 2 (RUNX2, Runt-related transcription factor 2), da osteocalcina (OCN, Osteocalcin), e da fosfatase ácida resistente ao tartarato (TRAP, Tartrate-resistant acid phosphatase). Os dados foram analisados estatisticamente com nível de significância de 5%. ZOL-ONC apresentou maior porcentagem de volume ósseo e menor porosidade total em relação aos grupos VEI-ONC e ZOL-OST, e maior PTO-T em relação ao grupo VEI-ONC. ZOL-ONC e ZOL-OST apresentaram maior PTO-NV e menor número de células RUNX2-positivas e OCN-positivas em relação aos grupos VEI-ONC e VEI-OST, respectivamente, além de extensas áreas de tecido ósseo não vital e focos de inflamação. O COI e o número de células BMP2/4-positivas e TRAP-positivas não diferiram entre os grupos, porém, estas últimas exibiram características de inatividade em ZOL-ONC e ZOL-OST. Deste modo, conclui-se que o tratamento com dose oncológica ou dose osteoporótica de zoledronato não afeta negativamente a osseointegração dos implantes de titânio e a quantidade de tecido ósseo peri-implantar, porém ocasiona o surgimento de áreas de tecido ósseo não vital e focos de inflamação, o que sugere que a instalação de implantes osseointegráveis deva ser vista com grande cautela em tais condições, pois pode constituir-se em um importante fator de risco local para o desencadeamento da ONM-M.