Marcas da escrita virtual em fotolog: (des) identidade, (dis) curso e memória

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Santandel, Maria Aparecida da Silva
Orientador(a): Guerra, Vânia Maria Lescano
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/1612
Resumo: Este trabalho visa a estudar a construção identitária de servidores administrativos – cursistas que receberam capacitação nos cursos técnicos dentro do programa denominado Profuncionário, implantado pelo MEC e pela Secretaria de Estado de Educação, oferecido na Escola Estadual Afonso Pena, no município de Três Lagoas (MS), entre 2007 e 2010. A análise considera dezesseis recortes que compõem o corpus – participações online – e visa a identificar, a partir das regularidades existentes na escrita/língua, possíveis representações desses profissionais sobre si, sobre o outro e sobre o próprio processo de capacitação. O sujeito é aqui concebido como constituído pelo/no olhar do outro e constituído por discursos outros que permeiam seu fazer na e pela sociedade. Analisamos a materialidade linguística da escrita virtual postada no Fotolog, a partir da hipótese de que o curso do Profuncionário contribuiu para as relações de saber/poder do profissional servidor da educação básica, impondo-lhe uma "nova identidade", como técnico, e forçando-o a uma construção identitária considerada fluida. Utilizamos o método arqueo-genealógico foucaultiano, a partir das escavações necessárias para o aprofundamento de análise do arquivo; para abordar a identidade do sujeito pós-moderno, adotamos a perspectiva culturalista. No âmbito do discurso, ao analisarmos a materialidade virtual, utilizamos as noções advindas da corpografia, explorando, na perspectiva da Análise do Discurso de origem francesa, a escrita virtual como uma escritura regida por diferentes estruturas gráficas, que nos permitem identificar como a língua faz sentido, ao mesmo tempo em que consideramos o sujeito constituído por desejos e poderes alocados no inconsciente. Para o conceito de memória, consideramos o sujeito do século XXI, envolto pelas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), cujo discurso é interpelado pela ideologia e pela cultura. A análise dos dados traz reflexões embasadas, especialmente, nos estudos de Pêcheux (1975) e Orlandi (2007) entre outros. Esta pesquisa organiza-se em três capítulos. No primeiro, focalizamos uma breve história da AD e alguns conceitos básicos. No segundo, apresentamos, além dos procedimentos metodológicos, as condições de produção do discurso em estudo, destacando os conceitos de identidade e sujeito; trazemos dados sobre os servidores administrativos, sobre o acontecimento da capacitação, reflexões sobre TIC, Fotolog e escrita virtual. No terceiro capítulo, apresentamos a análise, a discussão e interpretação dos discursos dos servidores administrativos, envolvendo reflexões sobre o contexto educacional. Concluímos que as relações de saber/poder/sujeito presentes na escrita virtual/língua reforçam o discurso mediado pela globalização, cujas “práticas de si” são a pirâmide central, impondo ao sujeito a angústia pela incompletude, por ser diferente ao portar o conhecimento advindo da capacitação. O sujeito vivencia o silenciamento ao “saber ouvir e cumprir normas”, cujos alicerces são parte do processo da globalização, o que reforça as relações de poder apresentadas no enfoque técnico-pedagógico vigente no século XXI, em especial em programas nacionais como o Profuncionário. A capacitação por si surge como um mecanismo de exclusão, causando competitividade e promovendo a diferença. Ao mesmo tempo em que enaltece o papel da instituição Estado como gestor, o “gesto” da capacitação direciona o que pode e deve ser ensinado, a partir da tática e da força estratégica para disciplinar, dentro da expectativa de que tipo de profissional “precisa para atuar nas escolas”, em prol da melhoria da educação de qualidade, deixando emergir identidades multifacetadas e flexíveis.