(Re)(des)construção das identidades do sujeito mulher no facebook: o corpo em (dis)curso.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: SAMPAIO, Ariane Silva da Costa.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/14694
Resumo: Considerando a heterogeneidade discursiva do feminismo na contemporaneidade, nos propusemos, em nossa pesquisa, sob a luz da Análise do Discurso materialista de filiação pecheutiana, analisar processos discursivos que caracterizam o funcionamento do lugar discursivo do sujeito mulher no feminismo digital e sua relação com processos de constituição identitária desse sujeito. Para isso, exploramos, a partir da análise de materialidades significantes de páginas feministas de facebook, as relações teóricas entre forma-sujeito, lugar discursivo e posição-sujeito, considerando, nessas relações, as modalidades subjetivas de interpelação do sujeito (identificação, contraidentificação e desindentificação) propostas por Pêcheux (1975 [2014]), bem como as formulações de Castells (2018) acerca dos processos de construção, desconstrução e reconstrução de identidades pelos novos movimentos sociais. Temos como objetivos específicos: (1) analisar o funcionamento do lugar discursivo feminista e as modalidades subjetivas de interpelação em formulações sobre a temática corpo pelos sujeitos enunciadores em páginas feministas de facebook; (2) compreender como esses lugares discursivos e modalidades de subjetivação constituem processos de construção, desconstrução e reconstrução de identidades do sujeito mulher. Escolhemos a temática corpo por estar presente em todas as páginas e por ter maior representatividade quanto ao número de postagens em cada uma delas. Temos como corpus cinco páginas feministas com maior número de curtidores no facebook: TODAS Fridas (TF), Não Me Kahlo (NMK), Feminismo sem demagogia – original (FSD), Empodere duas mulheres (EDM) e Ventre feminista (VF). Mediante análise dos perfis das páginas, e, em seguida, das postagens relativas ao tema corpo, observamos que o lugar discursivo feminista é ocupado a partir de três posições: uma posição interseccional (TF e NMK), uma posição marxista (FSD) e uma posição liberal (EDM e VF). Na análise das postagens sobre a temática corpo encontramos três efeitos de sentidos produzidos pela temática corpo: (1) a crítica ao padrão de beleza dominante, (2) defesa da legalização do aborto e (3) a denúncia da cultura do estupro. A análise das postagens relativas a essas temáticas, possibilitou a configuração de cinco redes de formulações que caracterizam os efeitos de sentido produzidos. No que concerne ao efeito (1), temos duas redes: (a) a politização do corpo não padrão e (b) a contestação do ideal dominante de beleza; para o efeito(2): (a) a proteção à vida do sujeito mulher e (b) a autonomia sobre a capacidade reprodutiva; e para o efeito (3): (a) a problematização da cultura do estupro. Observamos ao longo da análise que os processos de projeção de identidades para o sujeito mulher decorrem de movimentos discursivos dos processos de desidentificação do sujeito mulher com a ideologia patriarcal dominante, por meio da desestruturação de formas identitárias estabilizadas, bem como de reconstrução identitária, com vistas a assunção de novas formas de identificação para o sujeito mulher que se articulam a sentidos de empoderamento e politização dos corpos e da autonomia do sujeito sobre seu corpo e do modo de expressá-lo. As páginas desempenham além da sua função política (militante) nas redes, pelo confronto com práticas excludentes da sociedade patriarcal, uma função pedagógica por problematizar questões que estão enraizadas no social e discutindo-as como questões culturais que devem ser desconstruídas através da informação.