Itinerários universitários: a permanência de mães trabalhadoras nos Bacharelados Interdisciplinares da Universidade Federal da Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Santos, Marianna Luiza Alves Soares
Orientador(a): Sampaio, Sônia Maria Rocha
Banca de defesa: Santos, Dyane, Veras, Renata Meira, Heringer, Rosana
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos
Programa de Pós-Graduação: Estudos Interdisciplinares Sobre a Universidade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/15827
Resumo: Este trabalho explora dois fenômenos que sofreram importantes mudanças neste início de século: o ensino superior e a presença feminina no espaço público. Desde o ano 2000, o Brasil expande, inova e busca a democratização deste nível de ensino, o que permitiu que perfis estudantis antes excluídos tivessem acesso à educação superior tornando mais heterogênea a sua população. Esse contexto amplia as possibilidades não só para todas as mulheres, que já eram maioria em todos os níveis no ensino desde o século XX, mas estimula o acesso daquelas que, longe de se dedicarem exclusivamente à vida estudantil, conciliam este papel com maternidade e trabalho. Contudo, a entrada no ensino superior não é garantia de permanência e finalização dos estudos. A teoria da afiliação ensina que o primeiro desafio do ingressante é deslocar-se da posição de estrangeiro para aquela de membro que aprendeu o ofício de estudante, em um processo contínuo de estranhamento, aprendizagem e afiliação. É preciso ainda ocupar-se de outras demandas que surgem pelo caminho e que, para mulheres que além de estudantes, têm filhos e trabalham, são altamente exigentes requerendo a criação de estratégias para a finalização da formação escolhida. Verificar como aconteceram esses percursos e as metodologias que esse perfil de mulheres emprega durante sua permanência nos Bacharelados Interdisciplinares (BI), foi o objetivo desta pesquisa. O referencial teórico utilizado foi a etnometodologia, abordagem do social que vê na interação e na vida cotidiana as chaves para entender o mundo das pessoas. A pesquisa foi construída à luz da pesquisa-ação e da etnografia, de forma implicada e, como métodos de produção de dados, foram utilizadas a observação participante e entrevistas. As interlocutoras da pesquisa foram quatro estudantes que eram mães e trabalhavam, todas cursando os bacharelados, sediados no Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Profº. Milton Santos (IHAC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A análise dos relatos demonstrou que os percursos estudantis não são vividos como trajetórias lineares, eles acontecem mais como itinerários, caminhos repletos de bifurcações, avanços, paradas e recomeços. Com vistas a conciliar estudo, família e trabalho, as estudantes precisaram manejar constantemente aspectos subjetivos, familiares e sociais. Nesse caminho, elas criam etnométodos para dar conta de todas as exigências e sua urgência em finalizar a graduação. O fato da UFBA ser uma universidade pública e, portanto, gratuita, foi fundamental para as estudantes, que, entretanto acessaram muito pouco as políticas de permanência disponíveis. Foram necessárias interrupções ao longo do percurso, ficando evidente o desgaste físico dessas mulheres em função do seu triplo envolvimento: filhos, estudo e trabalho. Suas narrativas evidenciaram a incapacidade das políticas de permanência de atender a diferentes perfis de estudantes e a falta de suporte em políticas públicas para cuidar dos filhos pequenos. A inovação trazida pelos BI, ao inaugurar o regime de ciclos na UFBA, também influenciou esses itinerários, sendo alvo de constantes dúvidas e indagações.