Avaliação da influência do vinho tinto sobre a microbiota intestinal e N-óxido de trimetilamina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Haas, Elisa Alberton
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-06122021-125446/
Resumo: Evidências recentes, experimentais e clínicas, revelam a importância da microbiota intestinal na fisiologia humana e em situações patológicas, especialmente em doenças cardiometabólicas. Diferentes perfis da microbiota intestinal são claramente relacionados à obesidade, diabetes mellitus tipo 2, esteatohepatite não alcoólica e doenças cardiovasculares. Mecanismos subjacentes responsáveis por esses efeitos deletérios incluem a ação de metabólitos dependentes da microbiota, como a N-óxido de trimetilamina (TMAO). TMAO é um metabólito plasmático, que tem como substrato dietético majoritariamente colina e carnitina, e se correlaciona fortemente com aterosclerose e eventos cardiovasculares maiores, como infarto do miocárdio e morte. Sendo assim, é um composto de grande interesse como instrumento diagnóstico e alvo terapêutico. Já o consumo moderado de vinho tinto (VT) é potencialmente cardioprotetor, através de mecanismos que podem envolver modulações do metabolismo redox e da microbiota intestinal. Além disso, o VT contém 3,3-dimetil-1- butanol, que reduz TMAO plasmática em animais. No entanto, os efeitos do VT na microbiota intestinal e na TMAO plasmática não são totalmente compreendidos. Conduzimos, portanto, um estudo randomizado, cruzado e controlado envolvendo 42 homens, com média de 60 anos e com doença arterial coronariana documentada. Comparamos o consumo de 250 mL de VT por dia, por 3 semanas, durante 5 dias na semana, com igual período de abstinência de álcool, com períodos de washouts entre as intervenções. Após o consumo de VT houve remodelamento significativo da microbiota intestinal, com diferença na beta diversidade e preponderância de Parasuterella, Ruminococcaceae, vários Bacteroides e Prevotella. A análise da metabolômica plasmática de 20 pacientes, escolhidos aleatoriamente, mostrou alterações após o VT consistentes com a modulação benéfica da homeostase redox, como o aumento nos precursores da riboflavina e do metabolismo do ascorbato. Entretanto, o TMAO plasmático não diferiu após a intervenção com VT. Além disto, os níveis de TMAO mostraram uma baixa concordância intra-individual ao longo do tempo. Desta forma, apontamos desafios para o uso de TMAO como biomarcador, dada sua alta variabilidade. Em suma, a modulação da microbiota intestinal e da metabolômica plasmática podem contribuir para elucidar os possíveis benefícios cardiovasculares do consumo moderado de VT