Investigação genética por sequenciamento paralelo em larga escala do hiperaldosteronismo primário causado por hiperplasia adrenal cortical unilateral ou bilateral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cruz, Marcela Rassi da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5135/tde-11022021-131315/
Resumo: Introdução: O hiperaldosteronismo primário (HP) é a forma mais comum de hipertensão arterial (HA) endócrina com prevalência estimada de aproximadamente 4% em hipertensos atendidos em serviços de atenção primária e de 10% em pacientes referenciados para hospitais terciários. As causas mais frequentes de HP são hiperplasia adrenal cortical bilateral (HB) e aldosteronomas. A hiperplasia adrenal cortical unilateral (HU) é uma causa mais rara de HP, assim como as formas familiais. Na última década, foram feitos consideráveis avanços na patogênese do HP. Variantes patogênicas (VP) somáticas nos genes KCNJ5, CACNA1D, ATP1A1, ATP2B3 e CTNNB1 foram descritos em aldosteronomas. Entre as formas familiais de HP, VPs germinativas no KCNJ5, CACNA1D, CACNA1H e CLCN2 foram identificadas em indivíduos com diagnóstico de HP precoce. No entanto, os defeitos genéticos implicados na patogênese do HP causado por HU ou HB em adultos permanecem pouco elucidados. Objetivos: Investigar as bases genéticas do HP causado por HU ou HB. Os objetivos específicos foram: 1) Investigar VPs somáticas nos genes KCNJ5, ATP1A1, ATP2B3 e CTNNB1 em HU ou HB de indivíduos com HP; 2) Sequenciar o exoma (DNA periférico e do tecido adrenal) dos casos de HU ou HB; 3) Validar e realizar o estudo funcional das novas variantes genéticas encontradas no sequenciamento exômico. Métodos: Foram incluídos 11 pacientes com HP causado por hiperplasia adrenal (5 HU e 6 HB). A presença do gene quimérico CYP11B1/CYP11B2 foi descartada em todos os casos. Em seguida, realizamos o sequenciamento paralelo em larga escala (HiSeq 2500, Illumina), pareado sangue e tecido adrenal, de 5 indivíduos com HP por HU e 6 com HP por HB. Todos os tecidos hiperplásicos apresentaram imunohistoquímica (IHQ) positiva para CYP11B2. Em relação aos achados do exoma, foi feita uma busca por variantes germinativas raras (MAF < 0.01% no gnomAD) em genes codificadores de canais iônicos expressos em tecido adrenal normal ou previamente relacionados com hiperplasia adrenal (como as fosfodiesterases, PDEs). Resultados: Dois casos de HB apresentaram VPs somáticas no KCNJ5 previamente descritas (p.Gly151Arg e p.Leu168Arg). Variantes germinativas em heterozigose e patogênicas in silico foram identificadas em genes codificadores de PDEs: 1) A variante p.Ala59Val na PDE1A em uma paciente com HU; 2) A variante p.Ile629Val na PDE2A em uma paciente com HB; 3) As variantes p.Arg217Gln PDE3B e p.Gly392Val na PDE3B em dois pacientes com HB. A atividade da PKA foi maior no tecido adrenal hiperplásico das pacientes com as variantes p.Ile629Val na PDE2A e p.Gly392Val na PDE3B quando comparada à adrenal normal. A expressão da PDE2A por imunohistoquímica foi forte na zona glomerulosa normal e nódulos hiperplásicos de pacientes com HB. Estudos in vitro em células HEK 293T mostraram redução da expressão da PDE2A mutante em comparação às células transfectadas com PDE2A WT. De forma similar, as variantes na PDE3B (p.Arg217Gln e p.Gly392Val) reduziram a expressão proteica da PDE3B in vitro. Além disso, as variantes da PDE2A e PDE3B promoveram um aumento da expressão da SGK1 e/ou SCCN1G/ENaCg a nível de RNAm ou proteico, que são os principais mediadores da sinalização da aldosterona. Dentre os pacientes com HU, uma nova variante germinativa em heterozigose (c.5428-3C > T) no CACNA1H foi identificada em um caso. Adicionalmente, uma variante germinativa rara em heterozigose e patogênica in silico p.Leu2095Ile no CACNA1I, que codifica a s ubunidade alfa 1 I d o c anal C av 3.3, foi identificada em um paciente com HU. Conclusões: Variantes germinativas raras e provavelmente patogênicas foram identificadas nos genes da PDE2A e PDE3B em pacientes com HB, expandido o espectro de etiologias genéticas para o HP. Adicionalmente, uma variante germinativa rara e patogênica in silico no CACNA1I foi identificada em um paciente com HU associada ao HP