\"Nóis por nóis\" como luta constante: uma etnografia das mulheres da Ocupação Esperança

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Moncau, Gabriela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-13042021-195009/
Resumo: Essa dissertação se debruça sobre o cotidiano, os discursos e a gramática organizativa de mulheres moradoras da periferia urbana que decidiram se engajar na construção de um território comunitário auto-organizado na região metropolitana de São Paulo. O estudo de caso é na Ocupação Esperança, que acompanho desde que surgiu em agosto de 2013, e que reúne cerca de 500 famílias em um terreno de Osasco (SP), organizadas com o movimento Luta Popular. Busco compreender de que maneira se dá, na vida diária dessas mulheres, o entrelaçamento das lutas \"dos de baixo\" contra \"os de cima\", como dizem, com aquelas que buscam reinventar as relações humanas cotidianas. Os dados etnográficos foram colhidos durante sete anos e a partir de um momento de inflexão no cenário político brasileiro, já que a comunidade surge na esteira das mobilizações de junho de 2013. Para além do foco na maneira como diferentes formas de violências se manifestam nas tessituras das vidas de minhas interlocutoras, me interessei nas leituras que essas mulheres fazem da nossa sociedade e nas formas organizativas desenvolvidas por elas, tanto por meio de um coletivo formal quanto por uma teia de produção de parentesco que chamo de comadrio e que tem na circularidade da informação o seu trilho de irradiação. Assim, desestabilizando forças ordenadoras que, da ética do proceder das quebradas às burocracias estatais, são calcadas em formas de governo de pessoas e territórios relacionadas a uma ordem de dominação masculina, essas mulheres parecem produzir mais uma camada nas formas organizativas autônomas chamadas de \"nóis por nóis\".