Cidades e subjetividades homossexuais: cruzando marcadores da diferença em bares nas \'periferias\' de São Paulo e Belém

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Reis, Ramon Pereira dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-08032017-151355/
Resumo: Esta é uma pesquisa antropológica sobre agenciamentos, disputas e segregações socioespaciais entre homens que se autoidentificam como gays ou homossexuais em contextos de periferia das cidades de São Paulo e Belém. Objetivamos perscrutar o processo de produção social das diferenças entre esses homens, frequentadores de bares com expressiva sociabilidade homossexual, localizados em regiões periféricas da zona leste de São Paulo e em um bairro de periferia de Belém: o Guingas Bar (em São Mateus), a Plasticine Party, que acontece quinzenalmente no Luar Rock Bar (em Itaquera), e o bar Refúgio dos Anjos (no Guamá), respectivamente. A chave analítica que nos conduziu à temática e aos espaços mencionados partiu da problemática, ainda pouco explorada na antropologia urbana brasileira, entre periferia e homossexualidade, ou melhor, entre os estudos urbanos e os estudos de gênero e sexualidade. Compreendemos que a partir dos anos 2000 a relação destes campos de conhecimento ganhou fôlego no cenário nacional a partir das pesquisas antropológicas sobre sociabilidade homossexual, porém parte desses esforços se concentraram nas regiões centrais das cidades brasileiras. Mais do que reconhecermos distinções regionais e geográficas, procuramos esquadrinhar narrativas sobre cidade que borram o binômio centro-periferia. Para isso, tomamos como um dos vetores argumentativos a mobilidade, enquanto alusão e/ou prática, mas sobretudo como empoderamento, articulando-o aos marcadores sociais de gênero, sexualidade, classe social, raça/cor e territorialidade, com vistas a observarmos como os interlocutores negociam suas existências no espaço urbano. Nossa empreitada propõe contribuir aos estudos urbanos e aos estudos de gênero e sexualidade seja para fazer conversar periferias e homossexualidades, cidades, produção da diferença e sociabilidades homossexuais, seja para mostrar que as transformações urbanas de cada contexto citadino, relacionadas ao percurso histórico dos bares e ao que denominamos de movimento-ações, são peças-chave para a compreensão de termos como resistência, família, comunidade, amizade, sinalizando, desta feita, que tais compósitos extrapolam os sinônimos da ausência e da precariedade, ao mesmo tempo em que as relações estabelecidas não se bastam pela via do lazer e da diversão. Portanto, ao longo da tese percebemos que tais contextos estão em constantes negociações e disputas interpeladas diretamente pelos modos como as cidades são acessadas e desejadas.