O corpo como campo de guerra : a experiência das mulheres refugiadas da República Democrática do Congo em São Paulo 2008-2019

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Clarissa Paiva Guimarães e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2140/tde-03112022-084936/
Resumo: A República Democrática do Congo a mais de uma década lida em seu território com instabilidade política, conflitos armados e desigualdade social devido a disputa transnacional pelos recursos minerais nas regiões dos Kivus. O estupro, tem sido uma das táticas usadas pelos rebeldes como forma de limpeza étnica. Porém, o estupro em tempos de guerra não deve ser visto apenas como um subproduto da violência generalizada, mas como uma consequência específica de construções dos papéis de gênero e relações étnicas racializadas e colonialistas, que foram construídas ao longo da história do país. A percepção de que as mulheres desempenham um papel vital na criação e na reprodução de grupos étnicos ou nacionais é um elemento importante dessa construção, e as mulheres como símbolos variam de conflito para conflito. Caracterizando-se, um grande fator para a feminização migratória congolesa, onde muitas delas acabam saindo do país de maneira forçada. O sistema de leis e convenções internacionais que oferecem proteção às pessoas solicitantes de refúgio e refugiadas, aparentemente foram elaboradas com base nas experiências do gênero masculino, e que, além disso, a sua aplicação é recorrentemente minada por práticas profundamente ligadas a este gênero, que falham em oferecer proteção às mulheres, pois suas experiências muitas vezes não são reconhecidas como tal - reforçando os preconceitos de gênero existentes nos Estados Nação. Chamando a necessidade do debate interseccional feminista para a quebra das barreiras micro coercitivas no tocante as questões de gênero e raça, pois até para muitas mulheres a compreensão dessas relações sociais é uma questão invisibilizada pela falta de conhecimento sobre os seus direitos e sobre seus próprios corpos. Assim, as mulheres reconhecidas como refugiadas da RDC pelo estado brasileiro, a fim de reconstruir suas vidas na cidade de São Paulo, acabam esbarrando nessas desigualdades entre os gêneros também no Brasil. Portanto, o objetivo geral é chamar a atenção para a resistência das vozes femininas da República Democrática do Congo que migraram para o Brasil entre os anos de 2008 a 2019.