Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Souza, Maria da Graça de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-15032016-150753/
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Resumo: |
Esta tese trata das escolhas léxico-estilísticas na obra Vidas secas de Graciliano Ramos. Sabemos que o texto é o lugar em que se processa o novo e para que esse novo possa ser construído é preciso que o sujeito produtor tenha competência lexical, pois o ato de textualização está relacionado com as escolhas feitas pelo sujeito produtor ao mediatizar-se com o mundo, com o universo referencial. Essa mediatização implica um recorte e a partir desse recorte o sujeito produtor reconceptualiza o referente, tendo, por conseguinte, o novo. Todavia, essa reconceptualização implica uma escolha e é essa escolha que vai determinar a visão de mundo e o estilo do sujeito produtor. Como sabemos, o estilo como objeto da estilística, ainda não foi satisfatoriamente delimitado, mas nessa pesquisa estamos entendendo-o como escolha que abrange tanto o conteúdo quanto a maneira como esse conteúdo é organizado e apresentado. Desse modo, os recursos estilísticos, a escolha de um tipo de gênero discursivo e a seleção lexical estão implicitamente relacionados ao estilo, à criatividade do sujeito produtor uma vez que a forma entrelaçada ao conteúdo determinará a seleção lexical do discurso enunciado, pois como sabemos, as experiências sócio-histórico-culturais-ideológicas e cognitivas do falante de uma determinada língua vêm marcadas pelo léxico que mostra, não só sua visão de mundo, mas também a sua criatividade em representar esse mundo. Nesse sentido, esta tese tem por tema o estudo do léxico, na obra Vidas secas, de Graciliano Ramos, buscando verificar como as escolhas lexicais dão ao contexto expressividade e revelam a visão de mundo do sujeito produtor. Os resultados obtidos apontam que o estilo conciso, enxuto e preciso na obra Vidas secas se deve, não só ao fato de o sujeito produtor procurar narrar uma história usando uma linguagem tão seca quanto o meio ambiente retratado na narrativa, mas também porque busca se colocar como porta-voz de personagens não alfabetizadas, agindo como procurador dessas personagens. As escolhas lexicais em Vidas secas apontaram que as personagens têm uma vida seca em todos os sentidos seca de água, seca de amor, seca de conhecimento letrado, seca de socialização. Essas secas vão despersonalizando as personagens, aproximando-as cada vez mais de animais para que possam sobreviver no meio hostil. É preciso ressaltar também que o estudo do campo lexical da seca apontou que esse fenômeno climático para a população pobre como a família de Fabiano simboliza a morte, sendo necessário em tempos de longas estiagens saírem em busca da sobrevivência em outras regiões a verdade é que não queria afastar-se da fazenda. A viagem parecia sem jeito, nem acreditava nela, e só resolvera partir quando estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se (RAMOS, 1985, p.117). |