Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Almeida, Lissa Fernandes Garcia de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17145/tde-06012025-165743/
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Resumo: |
Introdução: As etiologias das malformações fetais (MF) são mal compreendidas, fazendo com que fatores ambientais e condições maternas sejam responsabilizados. Para que se entenda melhor o papel destes potenciais teratógenos, torna-se necessária a vigilância perinatal das MF, a fim de se estabelecer a epidemiologia dessas intercorrências, alertar sobre riscos teratogênicos e tornar possível a avaliação da eficácia da prevenção primária. Apesar de MF parecer um assunto bem explorado, trabalhos que avaliem fatores de risco e complicações perinatais relacionados às malformações são escassos na literatura, especialmente quando se comparam os grupos de malformações entre si. Objetivos: Identificar fatores epidemiológicos de risco para MF, avaliar a concordância entre MF diagnosticadas pelo ultrassonografista geral e pelo ultrassonografista especialista em Medicina Fetal e avaliar o impacto das MF sobre os resultados perinatais. Métodos: Este estudo prospectivo e observacional incluiu 275 gestantes portadoras de fetos com anomalias congênitas, admitidas para seguimento pré-natal em qualquer trimestre da gestação. Para análise dos dados, as pacientes foram divididas em sete grupos, de acordo com o tipo de MF: sistema nervoso central (SNC), trato urinário (GU), coração e grandes vasos (CA), trato gastrintestinal e parede abdominal (GI), musculoesqueléticas (ME), hidropsia fetal e outras (OT). Foram analisadas as variáveis maternas para se estabelecer potenciais fatores de risco para cada grupo de MF, a concordância entre os achados de ultrassom realizado no serviço de atenção primária e terciária e os resultados adversos maternos e perinatais. O desfecho primário foi ocorrência de um tipo específico de MF. Os desfechos secundários incluíram: restrição de crescimento intrauterino (RCIU), sofrimento fetal (SF), corioamniorrexe prematura (CP), oligohidrâmnio ou polihidrâmnio, trabalho de parto pré-termo (TPPT), morte fetal, parto pré-termo, parto cesárea (PC), baixo peso ao nascer (BPN), Apgar de 1° minuto inferior a 7; Apgar de 5° minuto inferior a 7; necessidade de ventilação assistida no nascimento; necessidade de assistência circulatória no nascimento; taxa de infecção no período neonatal precoce, necessidade de tratamento cirúrgico no período neonatal precoce; taxa de morte neonatal precoce e influência de pelo menos um ciclo de corticosteróides para a maturidade fetal sobre a morbidade perinatal. O teste do qui-quadrado, Kruskal Wallis ou Mann-Whitney e regressões logísticas simples e múltipla foram utilizados para as análises estatísticas. Resultados: Cor não branca da pele materna foi associada à redução no risco de MF SNC (OR: 0.43, IC 95% 0.19-0.97). Nível de escolaridade elevado foi associado à redução no risco de MF GU (OR: 0.52, IC 95% 0.29-0.94). Multiparidade esteve associada a aumento no risco de MF CA (OR: 0.26, IC 95% 0.08-0.80; vs. primigestas; OR: 0.32, IC 95% 0.11-0.95; vs. secundigestas). Idade materna superior a 19 anos e suplementação de ácido fólico durante a gravidez reduziram o risco de MF GI (OR: 0.42, IC 95% 0.19-0.95 e OR: 0.34, IC 95% 0.13-0.91, respectivamente). Fumar aumentou o risco para MF ME (OR: 3.28, IC 95% 1.08-9.90). Aborto em gravidez anterior aumentou em oito vezes o risco de hidropisia fetal. Observou-se maior concordância entre os resultados dos ultrassons realizados nos serviços de cuidados primários e terciários quando a MF foi a GI (84,2%) e a menor correlação ocorreu quando o diagnóstico foi uma MF CA (28,1%). Não houve diferenças significativas entre os grupos de MF em relação à RCIU, SF, PC, TPPT, Apgar de 1° minuto inferior a 7 e necessidade de ventilação assistida no nascimento. Polihidrâmnio foi significativamente mais frequente na MF ME e na hidropisia fetal, enquanto oligohidrâmnio foi mais frequente nas MF GU. A taxa de morte fetal foi significativamente maior no grupo de fetos hidrópicos. A prematuridade foi significativamente mais frequente no grupo de MF GI e hidropisia fetal. No geral, as taxas de cesárea foram muito elevadas, mas foram significativamente menores nas MF GU e nos fetos hidrópicos. BPN foi significativamente mais frequente nas MF GI, ME e OT. Apgar de 5° minuto inferior a 7 foi significativamente mais prevalente nas MF GU, ME e hidropisia fetal. A necessidade de suporte circulatório ao nascer foi maior nas MF ME e na hidropisia fetal. As taxas de infecções foram menores nas MF SNC, GU e OT. A necessidade de tratamento cirúrgico foi significativamente inferior em MF GU, ME e OT, mas maior na MF GI, quando comparada com a MF CA. A morte neonatal foi significativamente menos frequente em MF SNC. O uso de corticosteróides não alterou de forma significativa os resultados perinatais adversos. Conclusões: Foi possível identificar alguns fatores de risco para MF. O ultrassonografista geral ainda não consegue distinguir adequadamente alguns tipos de MF quando comparados com o ultrassonografista especialista em Medicina Fetal, especialmente quando a MF é CA. Resultados perinatais adversos alcançaram índices alarmantes em fetos com malformações e podem diferir de acordo com o tipo de MF estudado. Estes resultados ajudam a compreender a relevância das MF, para a mãe, recém-nascido, sua família e todo o sistema de saúde. |