Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Camassa, José Bento de Oliveira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-13072021-181857/
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Resumo: |
Esta dissertação é uma investigação histórica comparativa sobre as representações e os projetos políticos presentes em dois relatos de viagens da Belle Époque latino-americana. Um deles é La Australia Argentina (1898), do jornalista argentino Roberto Jorge Payró (1867-1928), a respeito de sua viagem para a Patagônia como repórter do jornal portenho La Nación. O outro consiste no conjunto de escritos do ensaísta e engenheiro brasileiro Euclides da Cunha (1866-1909) formulados a partir de sua viagem (1904-1905) para a Amazônia e o Acre, na chefia da Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus, organizada pelo Itamaraty. Na primeira parte da dissertação, examinamos a similaridade dos contextos históricos das viagens de Payró e Cunha. No aspecto político, a ocupação territorial de regiões como a Patagônia e o Acre pelos Estados nacionais era promovida em face de disputas fronteiriças e da competição econômica global. No aspecto literário, ambos os autores integraram um período de grande prestígio do ensaísmo e da \"viagem intelectual\" na América Latina. Empregando os relatos de viagem como meio privilegiado para o debate político, Euclides e Payró representaram a Amazônia e a Patagônia como espaços geográficos desamparados, mas com grandes potencialidades. Na segunda parte deste trabalho, analisamos os projetos políticos dos dois viajantes. As propostas de Payró para a Patagônia veicularam ideias econômicas liberais e uma anglofilia (vista na veneração da Austrália e pela imigração britânica na Patagônia). Em oposição, o nacionalista Euclides defendia um maior protagonismo do Estado central na Amazônia e o povoamento do Acre pelas populações sertanejas brasileiras. Como interpretar tamanhos contrastes? Argumentamos que eles reverberavam tradições intelectuais divergentes. No século XIX, enquanto o pensamento argentino celebrou a possibilidade concreta de profunda e acelerada europeização do país, o brasileiro identificou a miscigenação racial e a diversidade étnica como marca distintiva nacional. Também demonstramos como os laços políticos de Payró com o Socialismo argentino de Juan B. Justo e de Cunha com o Barão do Rio Branco explicam os papéis que os autores advogaram para o Estado nas regiões em questão. Por fim, comparamos o prognóstico otimista de Payró para a Patagônia e o mais intranquilo de Euclides para a Amazônia a partir das descrições que o primeiro autor faz das neves e icebergs patagônicos e o segundo dos seringais acreanos. |