Ääma ashichaato: replicações, transformações, pessoas e cantos entre os Ye\'Kwana do rio Auaris

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Gongora, Majoi Favero
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-09032017-092538/
Resumo: Esta pesquisa de cunho etnográfico combina a análise de cantos e seus contextos enunciativos com um estudo sobre a cosmologia e a noção de pessoa entre os Yekwana, aspectos que na literatura existente mereciam maiores desdobramentos. Materiais como transcrições e traduções de cantos, narrativas míticas, exegeses nativas e descrições etnográficas permeiam uma análise sobre a centralidade dos cantos aichudi e ädeemi na vida yekwana os quais são entendidos como modos de ação, pois conectam mundos e pessoas diversas, visíveis e invisíveis, e agem sobre elas. A ideia de replicação é um aspecto central para compreender tanto os processos de surgimento dos seres demiúrgicos e das primeiras pessoas que existiram na terra e a emergência do gêmeo do demiurgo (figura antagonista desta mitologia) quanto os próprios cantos que da perspectiva nativa são réplicas dos primeiros cantos enunciados na terra pelo demiurgo. Analiso contextos em que fica evidente a condição altamente instável da pessoa yekwana que muitas vezes se vê envolta a processos de envenenamento e contaminação que podem levá-la a transformações radicais. E mais uma vez os cantos emergem como tecnologias imprescindíveis que possibilitam formas humanas de existência. Por fim, descrevo os regimes de circulação e transmissão dos cantos aichudi e ädeemi com um olhar atento aos desafios que estão postos aos meus interlocutores na contemporaneidade. Destaco reflexões a respeito de suas relações com os não indígenas, cada vez mais intensas, as quais têm produzido transformações significativas e suscitado debates sobre as condições de vida nesta terra envenenada.