Estudos comportamentais e neurofisiológicos da exposição prolongada à cetamina como antidepressivo e o modelo de separação materna para indução de depressão pós-parto em ratos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Magalhães, Julia Zaccarelli
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10133/tde-16072021-104019/
Resumo: A depressão pós-parto é uma doença multifatorial mentalmente incapacitante que afeta mundialmente as mulheres. O tratamento recomendado para essa enfermidade consiste na combinação de psicoterapia e tratamento farmacológico. Atualmente, a busca de antidepressivos está em expansão, sendo priorizados fármacos com mecanismo de ação misto. A cetamina vem sendo bastante estudada para o uso como antidepressivo, incluindo o tratamento para a depressão pós-parto. Apesar disso, há poucas informações na literatura a respeito da segurança do uso da cetamina durante o período pós-natal, tornando-se necessários mais estudos sobre o uso desse fármaco com essa finalidade. Assim, no presente trabalho propõe-se estudar os efeitos antidepressivos da exposição prolongada de cetamina em ratos adultos e em ratas lactantes induzidas à depressão pós-parto. Para tanto, o trabalho foi dividido em três capítulos. O Capítulo 1 tem como objetivo estudar os efeitos do modelo de separação materna para indução da depressão pós-parto em ratas. Para isso, ratas lactantes foram separadas de seus filhotes por 3 h diárias do dia pós-natal 2 ao 12. Foram realizados estudos comportamentais, neuroquímicos, hormonais, de expressão de RNA e de citocinas pró-inflamatórias. Os resultados mostraram que as ratas submetidas ao modelo de separação materna apresentaram alterações no comportamento materno, no nado forçado, nos níveis neurotransmissores cerebrais e nos níveis de corticosterona e TSH, consistentes com um fenótipo depressivo. Esses dados em conjunto sugerem que o modelo de separação materna em ratas pode ser útil para avaliação de fármacos com potencial atividade para o tratamento da depressão pós-parto. O Capítulo 2 tem como objetivo estudar os efeitos fármaco-toxicológicos do tratamento prolongado com diferentes doses subanestésicas de cetamina com potencial atividade antidepressiva em ratos. Para isso, ratos adultos foram tratados com 5, 10 ou 20 mg/kg de cetamina, por via intraperitoneal, por 21 dias e foi feita a avaliação do peso corporal, do consumo de água e ração e da bateria de observação funcional (FOB) semanalmente, bem como as análises neuroquímica, hematológica e bioquímica sérica ao final do tratamento. Os resultados mostraram alterações no ganho de peso e no sistema serotoninérgico. Em conjunto, esses dados indicam que as alterações observadas podem ser explicadas pelo mecanismo de ação da cetamina, sugerindo ausência de efeitos fármaco-toxicológicos desse fármaco nas doses utilizadas. O Capítulo 3 tem como objetivo estudar os efeitos do tratamento com diferentes doses subanestésicas de cetamina em ratas lactantes induzidas à depressão pós-parto. Para isso, ratas lactantes foram induzidas a depressão pós-parto pelo modelo descrito no Capítulo 1, tratadas com as mesmas doses de cetamina do Capítulo 2, durante toda a lactação, e submetidas as mesmas avaliações descritas no Capítulo 1. Os resultados mostraram que o tratamento prolongado com cetamina causou alterações no ganho de peso, no comportamento materno, na caixa claro/escuro, na neuroquímica cerebral e induziu comportamento estereotipado. Esses dados em conjunto sugerem que o tratamento prolongado com doses subanestésicas de cetamina não causou efeito antidepressivo em ratas induzidas à depressão pós-parto pelo modelo de separação materna, e que a dose mais alta foi capaz de induzir comportamento estereotipado.