Estudo do efeito de agente vasodilatador da microcirculação coronariana sobre os distúrbios de perfusão miocárdica e a disfunção ventricular esquerda em modelo de cardiomiopatia chagásica crônica em hamsters

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Tanaka, Denise Mayumi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-05012017-114938/
Resumo: A doença de Chagas ainda permanece como um importante problema de saúde em regiões endêmicas na América Latina, onde se estima 8 a 10 milhões de infectados. A isquemia microvascular é frequente na cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) e pode estar envolvida nos processos fisiopatogênicos que levam à disfunção sistólica ventricular esquerda (DSVE). Lança-se a hipótese que a redução da isquemia microvascular possa atenuar a progressão da DSVE na CCC. Desta forma, nosso objetivo foi avaliar os efeitos do uso prolongado do dipiridamol (DIPI), um agente vasodilatador da microcirculação coronária, sobre a perfusão miocárdica e sobre a função sistólica do ventrículo esquerdo mediante emprego de métodos de imagem in vivo. Foram utilizados 60 hamsters fêmeas adultas divididas em: animais infectados com T. cruzi e tratados com DIPI (Chagas + DIPI, n=15); infectados tratados com placebo (Chagas + Placebo, n=15); animais não infectados, tratados com DIPI (Controle + DIPI, n=15) e tratados com placebo (Controle + placebo, n=15). Após 6 meses de infecção (condição basal), os animais foram submetidos a ecocardiograma e a cintilografia de perfusão miocárdica por SPECT com Sestamibi-Tc99m. Em seguida, foram tratados com injeções intraperitoneais de DIPI (4mg/Kg) duas vezes ao dia ou igual volume de salina, durante 30 dias. Após o tratamento, os animais foram reavaliados com os mesmos métodos de imagem e a seguir sofreram eutanásia e o tecido cardíaco foi preparado para análise histológica quantitativa para extensão de fibrose (coloração de picrosírius vermelho) e do infiltrado inflamatório (coloração de hematoxilinaeosina). Na condição basal os animais do grupo Chagas + placebo e Chagas + DIPI apresentaram maior área de defeito de perfusão (19,2 ± 5,4% e 20,9 ± 4,2%, respectivamente, quando comparados aos grupos controle + placebo e controle + DIPI (3,8 ± 0,7% e 3,6 ± 0,9%, respectivamente), p=0<0,05, mas valores semelhantes de fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), p=0,3, e de diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo (DdVE,), p=0,2. Após o tratamento, observou-se redução significativa dos defeitos de perfusão somente no grupo Chagas + DIPI (p=0,02). Quando comparados os valores basais e após tratamento, os animais dos grupos Chagas + DIPI e Chagas + placebo apresentaram redução da FEVE (65,3 ± 2,5% para 53,6 ± 1,9% e 69,3 ± 1,4% para 54,4 ± 2,5%, respectivamente (p<0,001), e aumento do DdVE de 0,68 ± 0,5 cm para 0,76 ±0,17 cm e 0,64 ± 0,01 cm para 0,71 ± 0,23 cm, respectivamente (p<0,002). Na análise histológica quantitativa, observou-se maior número de núcleos de células inflamatórias mononucleares nos grupos Chagas + DIPI (998,1 ± 116,0 cel/mm²) e Chagas + Placebo (1191,4 ± 133,2 cel/mm²) quando comparados aos grupos Controle + DIPI (396,5 ± 28,3 cel/mm²) e Controle + Placebo (257,1 ± 21,6 cel/mm²), p=0,05. A porcentagem de fibrose foi maior nos grupos Chagas + DIPI (4,7 ± 0,4%) e Chagas + Placebo (5,4 ± 0,2%) quando comparados com o grupo controle + Placebo (3,2 ± 0,3%). Não houve diferença entre os grupos Chagas + DIPI e Chagas + Placebo em ambas as variáveis da histologia. Conclusões: O uso prolongado de DIPI em animais com CCC associou-se à significativa redução dos defeitos de perfusão miocárdica avaliados in vivo. Contudo, a resolução da isquemia microvascular mediante emprego de DIPI não impediu a progressão da disfunção ventricular esquerda. Esses resultados sugerem que a isquemia microvascular não seja um mecanismo lesivo miocárdico central no complexo fisiopatogênico neste modelo de CCC. É plausível supor que a isquemia microvascular seja um marcador da presença de processo lesivo subjacente, provavelmente de natureza inflamatória.