Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Fabricio, Camila Godoy |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-08052023-112518/
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Resumo: |
Introdução: A cardiomiopatia crônica da doença de Chagas (CCC) representa uma das principais causas de insuficiência cardíaca e morte súbita na América Latina. Apesar disso, muitos aspectos da sua fisiopatogênese permanecem obscuros. Fenômenos de isquemia microvascular coronariana são comuns, mas ainda não é clara a correlação da presença de defeito perfusional miocárdico (DPM) em repouso e reversível e a presença e localização das alterações histopatológicas que acompanham a progressão da disfunção ventricular esquerda. Objetivos: Analisar as alterações histopatológicas nas diferentes camadas da parede do ventrículo esquerdo (VE) e correlacioná-las com o grau de disfunção sistólica, remodelamento do VE e com os DPM em repouso e reversível. Método: Foram estudados hamsters sírios fêmeas (n=23) infectados com 3,5x104 formas de tripomastigotas sanguíneas de T. cruzi (cepa Y) e seus respectivos controles (n=6). Oito meses após a infecção, foram submetidos a exames in vivo: cintilografia de perfusão miocárdica com Sestamibi-Tc99m em repouso e estresse farmacológico e ecocardiografia transtorácica. Ao final, o tecido miocárdico foi processado para análise histopatológica quantitativa e de localização (subendocárdio, mesocárdio e subepicárdio) de índice de infiltrado mononuclear (IIM) e de fibrose global e tipos de fibras espessa e fina de colágeno. Resultados: Os animais foram divididos em controle (CTR: FEVE=51,3±6,2%), Chagas sem disfunção sistólica (CHs: FEVE=53,3±3,9%) e Chagas com disfunção sistólica (CHc: FEVE=36,4±8,3%, p<0,01). Animais infectados, independente de apresentar disfunção sistólica (CHs: 1,00±0,49 cél/CGH e CHc: 1,04±0,54 cél/CGH), mostraram IIM total maior quando comparado ao CTR (0,41±0,32 cél/CGH; p=0,03), especialmente no subendocárdio, onde apenas o CHc (1,02±0,62 cél/CGH) apresentou aumento em comparação ao CTR (0,38±0,22 cél/CGH; p=0,04). A fibrose global total não evidenciou diferença entre os grupos, porém na camada subendocárdica os grupos CH (CHs: 0,63±0,15% área, CHc: 0,74±0,18% área) apresentaram aumento comparado ao CTR (0,45±0,15% área, p=0,01). A camada subendocárdica se destacou na correlação da fibra fina de colágeno com a FEVE (r=-0,54; p<0,01), com o diâmetro sistólico final do VE (r=0,52; p=0,01) e com o escore de mobilidade parietal segmentar (r=0,60; p<0,01). Para os DPM, o CHc (11,2±8,9%) mostra aumento do DPM em repouso comparado ao CTR (4,9±2,2%; p=0,03), diferença não encontrada nos demais tipos de DPM. Aqueles animais que apresentaram exclusivamente DPM em repouso (60,1%) tiveram aumento de IIM em comparação ao CTR (1,09±0,55% vs 0,41±0,32%, respectivamente; p=0,03) e a camada subendocárdica se realça pela correlação com a inflamação (r=0,55; p=0,01). Apenas no subendocárdio há aumento da fibrose global naqueles animais CH com DPM em repouso em comparação ao CTR (0,67±0,18% vs 0,45±0,15%, respectivamente; p=0,03). Conclusão: A disfunção sistólica do VE correlaciona-se com a intensidade da inflamação e com a extensão da fibrose na camada subendocárdica do VE, mas não com as alterações identificadas quando todas as camadas são tomadas em conjunto, indicando que o subendocárdio seja uma região mais sensível aos mecanismos lesivos atuantes na CCC. Os DPM em repouso têm correlação com a intensidade da inflamação na camada subendocárdica, indicando que possa atuar como fator amplificador e localizador da inflamação, sugerindo um papel relevante da hipoperfusão miocárdica nos mecanismos de lesão miocárdica na CCC. |