Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Tanaka, Denise Mayumi |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-17122019-124339/
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Resumo: |
A doença de Chagas permanece como importante problema de saúde pública na América Latina, sendo atualmente uma doença emergente em países não endêmicos. É uma das principais causas de insuficiência cardíaca e morte súbita. A ocorrência de distúrbios microvasculares é comum na cardiomiopatia crônica da doença de Chagas (CCC), podendo ocorrer secundariamente à inflamação miocárdica, e está relacionada ao desenvolvimento da disfunção ventricular esquerda. Assim, levanta-se a hipótese de que a terapia com droga imunomoduladora, capaz de atenuar o processo inflamatório miocárdico, possa reduzir as alterações de perfusão e impedir a progressão da disfunção miocárdica na CCC. Nesse contexto, o presente estudo teve por objetivo avaliar os efeitos do uso prolongado da pentoxifilina (PTX) sobre as alterações perfusionais miocárdicas e atividade inflamatória cardíaca e suas correlações com a evolução da disfunção sistólica ventricular esquerda, mediante emprego de métodos de imagem de alta resolução in vivo em modelo experimental de CCC em hamsters sírios. Inicialmente, os animais foram divididos nos seguintes grupos: controle + salina (CTR+SLN, n=9), controle + pentoxifilina (CTR+PTX, n=11), chagas + salina (CH+SLN, n=12) e chagas + pentoxifilina (CH+PTX, n=12). Na janela temporal de 6 meses pós infecção pelo T. cruzi (condição basal), os animais foram submetidos aos seguintes métodos de imagem in vivo: cintilografia de perfusão miocárdica com Sestamibi-Tc-99m (Mini-SPECT) e ecocardiografia transtorácica. Posteriormente, os animais foram tratados por 60 dias com PTX (20 mg/Kg/dia, ip) ou salina e, em seguida, foram reavaliados com os mesmos métodos de imagem. Ao final do estudo, o tecido miocárdico foi processado para análise histológica quantitativa para extensão de fibrose e do infiltrado inflamatório. Na condição basal, não evidenciamos diferença significativa entre os grupos estudados nos parâmetros ecocardiográficos (FEVE, DdVE e escore MPS) e de perfusão miocárdica. Após o tratamento, foi encontrado aumento significativo das áreas de defeitos de perfusionais (p=0,004) nos animais dos grupos CTR+PTX, de 0,0% (0,0-1,4) para 5,1% (0,0-18,0), e CH+SLN, de 0,0% (0,0-5,1) para 5,8% (0,0-30,3), enquanto que o grupo CH+PTX: 2,0% (0,0-7,0) apresentou valores semelhantes ao grupo CTR+SLN: 0,0 (,0-0,0). Foi observado redução, apesar de não significativa estatisticamente, dos valores de fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) nos grupos CTR+PTX, de 54,0% (42,0-58,0) para 43,0% (33,0-56,0), CH+SLN, de 47,5% (26,0-59,0) para 38,0% (14,0-59,0) e CH+PTX, de 56,5% (37,0-59,0) para 42,5% (26,0-58,0), p>0,05 e aumento do diâmetro diastólico (DdVE) nos grupos CTR+PTX, de 7,7mm (7,1-8,5) para 8,1mm (7,5-9,4), CH+SLN, de 7,8mm (6,7-8,9) para 8,1mm (6,9-10,3) e CH+PTX, de 7,3 mm (6,3-8,1) para 7,9mm (6,9-9,3), p>0,05 após o tratamento. Na análise histológica, observou-se maior número de núcleos de células inflamatórias no grupo CH+SLN, 655,0 cel/mm² (425,0-779,0) e CH+PTX, 388,0 cel/mm² (248,0-582,0), quando comparado ao grupo CTR+SLN, 204,0 cel/mm² (148,0-225,0) e CTR+PTX, 220,5 cel/mm² (181,0-268,0), p<0,0001. Também foi encontrado maior número de células inflamatórias no grupo CH+SLN quando comparado ao grupo CH+PTX, p<0,05. A porcentagem de fibrose foi semelhante entre os grupos estudados. Conclusões: O uso prolongado de PTX em animais com CCC associouse à redução da progressão dos defeitos de perfusão miocárdica avaliados in vivo, ao longo da evolução da cardiopatia. Contudo, essa atenuação dos distúrbios de perfusão miocárdica não impediu a progressão da disfunção sistólica ventricular esquerda ou atenuou a intensidade das lesões tissulares inflamatórias neste modelo experimental. Nossos resultados sugerem, portanto, que a PTX possa ter atuado seletivamente na disfunção microvascular coronária, sem efeito significativo na redução da agressão inflamatória dos cardiomiócitos. |