Resumo: |
Introdução: o aumento no número de casos de sífilis em gestantes, tendo como consequência a sífilis congênita, indica que a doença persiste e continua desafiando os serviços de saúde. Objetivo: analisar a taxa de testes treponêmicos e não treponêmicos reagentes e não reagentes em gestantes, no período do parto, e os fatores associados a esses resultados. Métodos: estudo transversal, retrospectivo e quantitativo, realizado a partir de fontes secundárias de informações (prontuários eletrônicos), com dados sociodemográficos e clínicos de gestantes atendidas em uma maternidade de Ribeirão Preto, de janeiro a dezembro de 2020. Para investigação da sífilis, foi considerada a triagem com teste rápido treponêmico e teste Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) para confirmação diagnóstica de sífilis. Os dados do prontuário eletrônico foram digitados no sistema REDCap para organização do banco de dados e analisados por meio do programa STATA SE, versão 14. Foram utilizados os testes Exato de Fisher (para comparação das variáveis qualitativas com a variável dependente) e de Mann-Whitney (para análise de associação entre variáveis quantitativas). A análise dos fatores associados à sororreatividade dos testes treponêmicos e não treponêmicos foi realizada utilizando o modelo de regressão logística. Foram inseridas no modelo final as variáveis que apresentaram na análise univariada p valor <0,20. Para todas as análises foi adotado nível de significância α=0,05. Resultados: os dados avaliados foram de dois grupos de gestantes, sendo o grupo reagente (gestantes que apresentaram testes treponêmicos e não treponêmicos reagentes) e o grupo não reagente (gestantes que apresentaram testes treponêmicos não reagentes). Foram incluídas 2.626 parturientes. Dessas, 2.554 (97,26%) eram do grupo não reagente e 72 (2,74%) do grupo reagente, com uma taxa de positividade de 2,74%. As variáveis situação maritária (p=0,000), ocupação (p=0,019), local da residência (p=0,012) e uso de drogas lícitas (p=0,035) apresentaram significância estatística entre os dois grupos. Por meio da regressão logística, a situação maritária - OR (0,169), IC (0,04-0,72), p=0,016 - foi apontada como associada à ocorrência de gestantes que chegam à maternidade com testes treponêmicos e não treponêmicos reagentes, ou seja, ser casada é um fator protetor contra a sífilis, porém isso não isenta a investigação da doença no parceiro. Dos recém-nascidos (RN) das 72 gestantes do grupo reagente, 42 apresentaram teste de VDRL realizado no sangue com resultados reagentes e 25 que realizaram o exame no liquor apresentaram resultados não reagentes. Dos 42 RN com resultados reagentes, 17 receberam tratamento com penicilina. Além disso, outros 4 RN foram tratados, mesmo o RN tendo o exame negativo. Conclusão: variáveis sociodemográficas influenciam a taxa de sororreatividade de pacientes que chegam à maternidade com sorologia para sífilis reagente, sendo que a situação maritária não casada foi apontada neste estudo como fator isolado e independente à sororreatividade para a sífilis. Portanto, visando à eliminação da sífilis congênita, faz-se necessária a criação de melhores estratégias voltadas para mulheres nesta condição. |
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