Adictos a drogas em tratamento: um estudo sobre o funcionamento psíquico de suas mães

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Basaglia, Aline Esteves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-21072010-100446/
Resumo: Nos pressupostos winnicotianos, experiências provenientes de uma maternagem insatisfatória podem não propiciaro desenvolvimento adequado dos fenômenos tradicionais, resultando em patologias como a adicção. Devido aos poucos estudos existentes relacionando o fenômeno adicção com a maternagem, decidiu-se investigar o funcionamento psíquico de mães de adictos a drogas, a fim de se verificar quais características deste funcionamento poderiam dificultar o desempenho adequado da função materna. Fizeram parte deste estudo 10 mães de adictos a drogas (cocaína), que foram atendidas individualmente em situação de psicodiagnóstico, incluindo Entrevista semidirigida sobre o filho, Entrevista baseada na Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO) sobre elas próprias e aplicação do Método de Rorschach. As mães foram convidadas a participar desta pesquisa à medida que seus filhos - do sexo masculino e adicto à droga cocaína - davam entrada para tratamento no Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Droga (CAPS-AD) do município de Santana de Parnaíba (região oeste da Grande São Paulo, Brasil). Os filhos adictos não apresentavam perturbação neurológica ou psicológica grave e foram avaliados por outro profissional diferente do resposnável por esta coleta de dados. Na região atendida, predomina uma população de baixa renda. Os dados foram analisados e relacionados entre si, privilegiando os processos de pensamento, de socialização e a dinâmica afetiva, utilizando-se o referencial psicanalítico winnicottiano. Os resultados do grupo no Método de Rorschach e nas Entrevistas configuraram um perfil marcado por um funcionamento psíquico imaturo, por um embotamento afetivo e intelectual, dificuldades de relacionamento objetal adulto, atitudes ambíguas e tendência à repetição de vivências conjugais geradoras de sofrimento, decorrentes de violência e abusos. Tal funcionamento parece derivar-se das próprias vivências precoces, permeadas por uma maternagem não suficientemente boa, que compromete o desenvolvimento do processo de sepração e individuação. A partir deste funcionamento, estas mães não se mostraram capazes de favorecer o desenvolvimento adequado de seus filhos pelas próprias dificuldades na passagem da dependência para a independência e no desenvolvimento de um espaço transicional.