Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2007 |
Autor(a) principal: |
Kallas, Renata Galves Merino |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-19062008-094323/
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Resumo: |
Estudos realizados anteriormente com pacientes adictos demonstram que embora não exista uma estrutura psíquica estável e profunda, específica aos comportamentos de dependência, alguns aspectos são recorrentes nesses pacientes. Dentre eles, podem-se destacar a incapacidade desses indivíduos pensarem, refletirem, adiarem e a substituição dessas habilidades pela ação; a profunda sensação de vazio existencial, com a qual não podem se deparar, devido à fraqueza egóica que não lhes permite tolerar as frustrações; uma permanente demanda por preenchimento; constante busca de um objeto mágico, exterior, capaz de aliviar a angústia existencial; precária capacidade de integrarem as imagens parentais que poderiam servir de modelos identificatórios, prejudicando identificações ulteriores e, conseqüentemente, o estabelecimento de relações duradouras; além de uma grande dificuldade no processo de identificação sexual. Estas dificuldades estendem-se, inevitavelmente, ao âmbito do tratamento, em que é verificada alta taxa de evasão. O presente estudo visa, por meio de cinco estudos de casos de pacientes drogadictos, investigar as características próprias da dinâmica afetiva desses indivíduos, expressas no Método de Rorschach e no processo de atendimento psicológico. Foram atendidos quatro jovens do sexo masculino e uma jovem do sexo feminino, adictos a drogas ilícitas, com idades variando entre 17 e 23 anos, em sessões individuais de psicoterapia de orientação psicanalítica, na Clínica Psicológica do Instituto de Psicologia da USP. O Método de Rorschach foi classificado e avaliado de acordo com a nomenclatura e os estudos franceses, articulados a uma leitura psicanalítica do material, com referencial kleiniano e winnicottiano. As sessões foram todas registradas e supervisionadas, seguindo esta mesma linha teórica. Nos casos estudados, há indícios que denotam dificuldades no âmbito afetivo, que nem sempre encontram expressão de maneira semelhante para cada indivíduo. A dinâmica revelada por meio do Método de Rorschach e dos atendimentos clínicos evidencia problemas na construção da identidade, que resulta em permanente sentimento de vazio, de incerteza e de inconsistência interior. O intenso trabalho pulsional, de origem agressiva, na maior parte dos casos, não consegue ser simbolizado e encontra descarga imediata. O estabelecimento de relacionamentos com as figuras parentais e, em decorrência, com as outras pessoas, apresenta-se prejudicado. As origens dessa problemática parecem estar ligadas ao desenvolvimento precoce desses indivíduos, em que não foi possível a vivência da relação mãe-filho de maneira satisfatória. As falhas não são totais, o que pode ser verificado pelo potencial intelectual desses pacientes, bem como pela preservação dos vínculos com a realidade. No entanto, a maternagem não foi suficientemente boa de maneira a permitir o sentimento de continuidade de ser, base para a força do ego. Assim, a intervenção com esse tipo de paciente pode encontrar melhores perspectivas na medida em que, em termos winnicottianos, o trabalho possa fornecer um novo ambiente, favorável e confiável, onde possam experimentar uma continuidade de ser, favorecendo a integração do self, permitindo a retomada do desenvolvimento emocional. |