Adicção a drogas e funcionamentos limites: suas expressões e convergências no Rorschach

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Kallas, Renata Galves Merino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-18122012-084906/
Resumo: A adicção a drogas caracteriza-se pelo recurso a uma substância, à qual se atribui o poder de funcionar como o único meio capaz de trazer alívio aos estados de angústia vividos internamente. Não há consenso com relação à reunião dos pacientes dependentes químicos em uma estrutura especificamente adictiva, mas o que se percebe é que, apesar de haver casos com funcionamentos diversos, naqueles em que as drogas assumem status de único caminho possível ao alívio do sofrimento interno, a dinâmica psíquica aproxima-se daquela exibida nos funcionamentos limites da personalidade. Assim, decidiu-se investigar a dinâmica psíquica de 20 jovens adictos a cocaína e/ou crack, pacientes de um CAPS ad II de um município da Grande São Paulo, por meio do Método de Rorschach, buscando identificar em que medida esta dinâmica assemelha-se à caracterização dos funcionamentos limites da personalidade, encontrada na literatura específica de orientação psicanalítica. Foi realizada uma análise qualitativa de cada um dos protocolos de Rorschach, segundo a estrutura proposta por Chabert (2000), em seu estudo sobre os funcionamentos limites da personalidade. Este estudo envolve a análise das modalidades de relação com o clínico; da representação de si; das representações de relações; e da organização defensiva. Realizou-se uma análise comparativa dos resultados do grupo em cada uma dessas categorias. Além disso, é exibida uma síntese do funcionamento psicodinâmico de cada paciente. Os dados revelam que a maior parte dos pacientes estudados exibe boa construção da imagem de si, mas com fronteiras ameaçadas por importantes cargas agressivas, sexuais e depressivas; intenso recurso ao determinante formal, com rebaixamento de sua qualidade; problemas nos processos de identificação secundária; tentativa de manejo dos afetos por meio da via intelectual, nem sempre bem sucedida; impossibilidade de contenção dos impulsos ligados à agressão; impulsividade; movimentos regressivos importantes; manifestação de dependência e de necessidade de apoio; prevalência dos mecanismos de defesa de idealização/desvalorização e de recusa parcial da realidade em nível profundo. Ou seja, a problemática aproxima-se daquela exibida nos funcionamentos limites de personalidade. A partir disso, propõe-se, em termos winnicottianos, que as instituições de tratamento possam fornecer o equilíbrio e a constância ambiental necessários à retomada do desenvolvimento emocional, permitindo que o paciente faça delas um uso transicional rumo à independência