Quem some com o carbono? Uma etnografia a respeito de três experiências de reflorestamento em Rondônia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Orssatto, Tainá Scartezini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-27022024-082711/
Resumo: Rondônia é o estado da Amazônia Legal com a maior taxa de desmatamento acumulado. Aproximadamente 28% do território já foi desmatado, resultado da política fundiária de colonização adotada pelos governos militares. Apesar disso- ou justamente por isso- o estado é palco de diversos projetos de reflorestamento de povos indígenas e não só. Em particular, esta pesquisa investiga as relações que diferentes grupos sociais que atuam na preservação e recuperação ambiental local desenvolveram com as espécies que manejam. Assim, baseada na teoria do ator-rede e nos estudos multiespécie, segue as mudas reflorestadas, sobretudo a partir dos anos 2000, através de relatórios e outros documentos elaborados por ONGs e associações indígenas do povo Paiter Suruí, e também em campo, na cidade de Cacoal-RO e arredores. Tais projetos, por vezes alvos de disputas internas e/ou pressão externa, combinam sobretudo mudas das famílias botânicas Fabaceae, Arecaceae, Malvaceae e Anacardiaceae. São espécies de pioneiras, palmeiras, árvores frutíferas e madeira de lei, cujos ritmos distintos de desenvolvimento permitem a manutenção constante do estoque de carbono nas áreas em que os projetos foram implementados. Muitas delas são, inclusive, hiperdominantes no bioma. De modo geral, as mudas são selecionadas considerando as necessidades da população em foco e a adequação ao Código Florestal Brasileiro. Além disso, a renda aparece constantemente como uma justifica para a formulação dos projetos. Por conta disso, são concebidas propostas de pagamento por serviços ambientais, parcerias com financiadores são procuradas e espécies de alto valor comercial são cultivadas, como é o caso da castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa), do açaí (Euterpe precatoria e Euterpe oleracea), do cacau (Theobroma cacao) e do café Robusta Amazônica (Coffea canephora). Logo, compreender como indígenas, colonos do INCRA e seus descendentes se relacionam com o ambiente em que vivem pode fornecer insights a respeito de como agir agora que a destruição da Amazônia por queimadas e desmatamento ameaça a continuidade do ecossistema, o qual se aproxima do ponto de não retorno. A partir disso talvez seja possível idealizar novas políticas públicas sobre a questão, assim como aprender a viver na época das mudanças climáticas