Os aspectos do sono nos pacientes com epilepsia farmacorresistente e seu impacto sobre a qualidade de vida e o funcionamento social

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pentagna, Alvaro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-22052019-143621/
Resumo: Pacientes com epilepsia apresentam comorbidades que podem afetar a sua qualidade de vida e a sua adequação social. Por esta razão há um interesse crescente pelo estudo das condições associadas à epilepsia. Pacientes com epilepsia apresentam maior risco de desenvolver transtornos de sono. Entretanto, a relação entre o sono e a epilepsia permanece negligenciada. Os objetivos deste estudo foram: (i) avaliar o cronotipo, a presença de sonolência diurna e a qualidade do sono, através de medidas paramétricas, comparando pacientes farmacorresistentes e farmacossensíveis, e (ii) verificar a associação entre estes fatores e a qualidade de vida e o funcionamento social. Para tal, nós entrevistamos 114 pacientes (58 pacientes com epilepsia farmacossensível e 56 pacientes farmacorresistentes) e 62 indivíduos saudáveis sem epilepsia. Os grupos foram pareados por idade e sexo Todos os indivíduos entrevistados foram submetidos a questionários de autopreenchimento que verificam o cronotipo (Questionário de Matutinidade e Vespertinidade), a qualidade do sono (Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh) e a sonolência diurna (Escala de Sonolência de Epworth), bem como a qualidade de vida (Inventário de Qualidade de Vida em Epilepsia, versão com 31 perguntas) e o funcionamento social (Escala de Adequação Social). Também foram analisadas outras variáveis relacionadas à epilepsia como tipo de epilepsia (focal ou generalizada), quantidade de fármacos utilizados (monoterapia ou politerapia) e frequência de crises epilépticas. A caracterização das variáveis que podem interferir na análise das variáveis de desfecho foi realizada através da mensuração dos efeitos adversos de fármacos antiepilépticos (Perfil de Eventos Adversos de Liverpool), dos sintomas depressivos (Inventário de Depressão de Beck 2ª versão) e dos sintomas de ansiedade (Inventário de Ansiedade Traço-Estado). Os grupos não diferiram quanto ao cronotipo e à sonolência diurna. Foi observada uma diferença significativa no resultado do PSQI do grupo farmacorresistente refletindo melhor qualidade de sono em relação aos outros dois grupos (diferença farmacossensível x farmacorresistente 1,90, p=0,003; diferença farmacorresistente x controle saudável -1,53, p=0,041). Em relação às variáveis clínicas, pacientes com epilepsia generalizada apresentaram maior vespertinidade do que os pacientes com epilepsia focal (diferença 11,99, p=0,0002). Pacientes em monoterapia, avaliados pelo PSQI, apresentaram pior qualidade de sono (diferença 1,75, p=0,01). A frequência de crises epilépticas não influenciou o resultado de cronotipo, qualidade de sono ou sonolência diurna. A qualidade de sono apresentou uma tendência à correlação com a qualidade de vida (p=0,070). Houve uma associação entre o cronotipo e a adequação social (p=0,027), porém apenas os farmacossensíveis se diferenciaram do grupo controle (p=0,011), apresentando um pior funcionamento social relacionado com a vespertinidade. Os nossos resultados sugerem que a relação entre o sono e a epilepsia está mais intimamente ligada ao tipo de epilepsia, independente da resposta terapêutica ou da frequência de crises epilépticas. Além do mais, esta relação está ligada ao cronotipo, não à qualidade do sono ou à sonolência diurna. A qualidade de vida e a adequação social também estão relacionadas aos fatores relacionados ao sono