Estimulador do nervo vago: taxa e predição de resposta em pacientes adultos e crianças com epilepsia farmacorresistente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Prado, Henrique Jannuzzelli Pires do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/12998
http://dx.doi.org/10.22409/PPGMN.2019.m.35452157840
Resumo: JUSTIFICATIVA: Aproximadamente 50 milhões de pessoas no mundo têm epilepsia e 80% delas vivem em países de baixa e média renda. Sabe-se que cerca de 30% dos pacientes com epilepsia não irão ficar totalmente livres de crises após o uso de dois ou mais anticonvulsivantes efetivos e bem tolerados. Esta condição é conhecida como epilepsia refratária e está associada a taxas elevadas de morbimortalidade. Apesar de a cirurgia para epilepsia ser a principal opção para esses pacientes refratários, muitos não são candidatos a esse tratamento. Assim, é necessário oferecer outras opções para esses pacientes, tais como dieta cetogênica e neuromodulação. A terapia estimulação do nervo vago (VNS - Vagus Nerve Stimulation) é uma terapia de neuromodulação que consiste na aplicação de estímulos elétricos sob o nervo vago, e é aprovada como tratamento adjuvante para epilepsias refratárias na Europa (1994), Estados Unidos (1997) e Brasil (2000). Tem sido demonstrado que a terapia VNS apresenta eficácia em reduzir a frequência de crises em 50% em cerca de 50% dos pacientes, mas as características dos pacientes que apresentam melhor resposta ainda não foram identificadas. Deste modo, é importante tentar identificar o perfil dos pacientes que teriam melhor resposta a fim de guiar a indicação precoce e com isso reduzir os custos do tratamento. OBJETIVO: O objetivo do estudo é avaliar a taxa de resposta de crianças e adultos à terapia VNS e identificar variáveis relacionadas com a melhor resposta. METODOLOGIA: Estudo transversal com dados doados de pacientes epilépticos refratários, advindos de seis centros de epilepsia do Brasil, em uso de VNS como terapia adjuvante. Foram excluídos deste estudo pacientes com menos de seis meses de gerador ligado. RESULTADOS: Dados coletados de 191 pacientes entre três e 69 anos, com 54,4% de homens e 45,55% de mulheres. Observou-se que 127 (66,4%) dos pacientes responderam à terapia VNS, dentre os quais 10 (5,2%) ficaram livres de crises. Déficit intelectual estava presente em 115 (60,4%) dos pacientes, havendo 22 (11,5%) com síndrome de Lennox Gastaut. A maioria dos pacientes (92,7%) apresentava alterações no eletroencefalograma (EEG), dos quais 114 (60,9%) apresentavam atividade focal e 79 (41.6%), generalizada. Quanto à caracterização das crises, foram observados 100 pacientes (51%) com crise focal, 51 (25,5%) com crise generalizada e 40 (23,4%) com crise de padrão multifocal. As variáveis estatisticamente significativas para melhor resposta foram: sexo feminino (p=0,014), ausência de deficiência mental (p=0,05), ausência de síndrome de Lennox Gastaut (p=0,012), atividade focal no EEG (p=0,005), crise focal (p=0,003) e ausência de neurocirurgia prévia (p=0,008). CONCLUSÃO: A terapia VNS é adjuvante, eficaz e bem tolerada para pacientes com epilepsia refratária. Notavelmente, pacientes do sexo feminino, a presença de descargas epileptiformes focais isoladas e apresentação de crises focais aparentam ser variáveis preditoras de resposta à terapia VNS na população brasileira. A ausência de síndrome de Lennox Gastaut, ausência de deficiência mental e ausência de neurocirurgia prévia foram relacionadas com boa resposta