Fatores relacionados à senescência e à senilidade cerebral em indivíduos muito idosos: um estudo de correlação clinicopatológica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Farfel, José Marcelo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-15042009-165458/
Resumo: INTRODUÇÃO: Os estudos epidemiológicos apresentam limitações para a investigação dos fatores relacionados à senescência e à senilidade cerebral. A correlação clinicopatológica é o padrão-ouro para o diagnóstico definitivo de doença de Alzheimer (DA) e permite identificar os casos de DA em fase pré-clínica. Ainda há controvérsia acerca da existência de um limiar neuropatológico separando o envelhecimento normal da DA ou se há constituição de uma reserva cognitiva que protegeria idosos contra os achados cerebrais desta deonça. Este estudo visa investigar os mecanismos do processo de envelhecimento cerebral, através da busca de fatores associados com o processo natural de envelhecimento, DA pré-clínica e demência causada por DA. MÉTODOS: Estudo post-mortem, avaliando 141 indivíduos com idade igual ou superior a 80 anos, participantes do Banco de Cérebros do Projeto Envelhecimento Cerebral. Avaliação cognitiva foi realizada através de entrevista com informante de convívio próximo com o falecido, aplicando as escalas CDR e IQCODE. Avaliação neuropatológica foi realizada através de técnicas de imunohistoquímica, valendo-se do critério neuropatológico do CERAD e do NIA-RI e do estadiamento de Braak e Braak. Os participantes foram classificados como envelhecimento natural se: CDR=0 e CERAD=0 ou A e estágio de BraakIII, como DA pré-clínica se CDR=0 e CERAD B ou C e estágio de Braak IV e como portadores de demência por DA quando apresentaram CDR2 e CERAD B ou C e estágio de Braak IV. Dados demográficos, perfil funcional e comportamental, tabagismo, etilismo, hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças cardio e cerebrovascular e depressão foram comparados entre os grupos. A presença de alterações microvasculares foi registrada. RESULTADOS: Porcentagem considerável dos indivíduos portadores de CDR=0 preencheu um ou mais critérios neuropatológicos para DA. (29,8%, 31,6% e 19,3%, de acordo com o estadiamento de Braak e Braak e critérios do CERAD e NIA-RI, respectivamente). Gênero feminino foi mais prevalente no grupo demência por DA (OR:6,35 IC95%:1,58-25,51). Tabagismo foi mais prevalente entre os indivíduos do grupo envelhecimento normal quando comparado ao grupo DA pré-clínica (OR:4,44 IC95%:1,04-19,01) e ao subgrupo de mulheres portadoras de demência por DA (OR:9,00 IC95%:1,56-51,87). Maior nível educacional foi encontrado no grupo DA pré-clínica, comparado ao envelhecimento normal, de acordo com o estadiamento de Braak e Braak (OR:1,22 por ano estudado IC95%:1,01-,147). CONCLUSÕES: Um limiar neuropatológico associado à DA não pode ser determinado com base nos critérios neuropatológicos atuais. Em uma população muito-idosa, indivíduos com cognição intacta podem frequentemente abrigar achados cerebrais disseminados típicos de DA. Estes indivíduos provavelmente possuem maior reserva cognitiva, influenciada pelo nível de escolaridade. O tabagismo associa-se com menor concentração de achados cerebrais típicos de DA