Mulheres negras, o cuidado com a saúde e as barreiras na busca por assistência: estudo etnográfico em uma comunidade de baixa renda

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Rosa, Patricia Lima Ferreira Santa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-11082014-155050/
Resumo: Introdução: A metade da população brasileira feminina é constituída por negras. Muitas mulheres pertencentes a este grupo racial jamais fizeram a mamografia, e a taxa de mortalidade materna é maior entre as negras. Muitas desigualdades ainda persistem em diversos setores da sociedade, inclusive no âmbito da saúde, mesmo após a implementação do Sistema Único de Saúde, que disponibiliza assistência gratuita a todas as pessoas. Objetivos: Explorar as crenças, valores e práticas das mulheres negras relativas ao cuidado com a saúde no domicílio, no contexto da própria comunidade e a sua interface com a busca por assistência nas instituições de saúde. Metodologia: A pesquisa foi desenvolvida mediante abordagem qualitativa, utilizando-se do método etnográfico. O estudo foi desenvolvido na Cidade de São Paulo, no bairro Cidade Ipava (CI), uma região do Jardim Ângela constituída por uma grande proporção de negros, apresentando altos índices de vulnerabilidade à pobreza. Os dados foram coletados mediante o processo de observação participante e entrevistas etnográficas com 17 informantes gerais e três informantes chave. Resultados: Três descritores e um tema cultural expressam as crenças, valores e práticas das mulheres negras relativas ao cuidado com a saúde: 1) Faço o máximo para não ir ao médico - cuido da saúde do jeito que posso para evitar ficar doente: 2) A experiência com a assistência à saúde que recebo nas instituições não é boa: 3) Sofro racismo velado por ser negra. O tema cultural foi: Sem outra saída somos obrigadas a enfrentar obstáculos e buscar assistência médica porque os remédios caseiros não deram certo e o problema de saúde é grave. Conclusões: As mulheres se deparam com muralhas (in)visíveis ao acessar as instituições de saúde. Os resultados desta pesquisa reiteraram a premissa de que os determinantes sociais que marcam as desigualdades em saúde, tais como, as relações de gênero, classe social, idade, território, religião, raça/cor, entre outros aspectos, não se manifestam de forma isolada nas relações sociais. No tempo atual pós-moderno, as desigualdades sociais persistem, sobretudo entre as mulheres negras moradoras das regiões periféricas de grandes metrópoles. Estas requerem suporte para o empoderamento, essencial para reivindicar, acessar e usufruir de uma assistência à saúde de qualidade.