Campo psiquiátrico e campo religioso: entre diálogos e tensões

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Assunção, Luiza Maria de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-09092010-114112/
Resumo: Nesta tese buscou-se analisar uma possível relação entre ciência e religião, mediante o diálogo entre psiquiatria e assistência religiosa hospitalar. Por intermédio dos porta-vozes desses dois domínios (psiquiatras e ministros religiosos), tentou-se captar em que moldes acontece o diálogo entre as duas especialidades, as quais, por meio de alguns de seus profissionais, têm buscado uma aproximação. A hipótese da qual se partiu é a de que, ao estabelecerem pontes de contato, os campos psiquiátrico e religioso tornam-se vulneráveis, podendo assim colocar em risco o seu desenvolvimento e a sua legalidade enquanto áreas de atuação autônomas. Para fazer a apreciação desse pressuposto, tomou-se como centro de análise os especialistas da saúde mental e os especialistas da religião que atuam junto ao Instituto de Psiquiatria (IPQ) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP). O universo empírico, analisado em moldes qualitativos, é composto por 27 (vinte e sete) psiquiatras, 11 (onze) enfermeiros, 13 (treze) voluntários religiosos, 3 (três) ministros religiosos e 17 (dezessete) pacientes. A relação entre esses sujeitos foi pensada mediante a proposta bourdieusiana que trata do conflito entre campos sociais e do conflito interno a um determinado campo. Sob essa perspectiva foram conduzidas as reflexões e análises no presente trabalho. A partir da sistematização e do manuseio dos relatos dos informantes, constatou-se três formas de posicionamento no campo psiquiátrico e duas no campo religioso. No primeiro campo, elas se dividem em: mono-posicionado (psiquiatra puro), bi-posicionado (psiquiatra espiritualista), psiquiatra neutro/ambíguo. Já em relação ao campo religioso, as formas de posicionamento resumem-se a, de um lado, religiosos racionalizados e, de outro lado, religiosos magicizados. Foi em função desses lugares ocupados nos dois campos que se realizaram as análises e que se verificaram os tipos de relações que são colocados em prática entre os dois campos e no interior de cada um deles. A postura preponderante foi de demarcação do território e ao mesmo tempo de sua flexibilização postura essa principalmente levada a cabo pelos psiquiatras neutros/ambíguos e responsável por um processo de retradução no campo psiquiátrico que, da mesma forma que favorece o diálogo, impede a invasão e a respectiva perda de autonomia. Tomando como base essa constatação foi possível notar que, em oposição à hipótese levantada inicialmente, o campo psiquiátrico, no contato com o campo religioso, não perde sua autonomia. Ao contrário, realiza uma acomodação que reforça mais ainda o seu espaço de atuação.