Avaliação de parâmetros neuropsicológicos em pacientes com hepatite crônica C submetidos a tratamento com antivirais de ação direta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Barbosa, Mary Ellen Dias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-29112024-175519/
Resumo: Introdução: O vírus da hepatite C (VHC) está associado à graves complicações no fígado como cirrose e carcinoma hepático. Manifestações extra-hepáticas como. disfunções cognitivas relacionadas à memória, atenção e velocidade psicomotora tem sido associada ao VHC. Objetivo geral: Avaliar os índices cognitivos de memória, atenção, funções executivas, função motora, testes neuropsicológicos, sintomatologia ansiosa e depressiva e em relação à saúde, funcionalidade e incapacidade dos pacientes com hepatite C antes e após o tratamento com antivirais de ação direta. Objetivo específico: Verificar se a presença de cirrose interfere nos resultados antes e após o tratamento da doença hepática em relação aos índices cognitivos de memória, atenção, funções executivas, função motora, testes neuropsicológicos, sintomatologia ansiosa e depressiva e em relação à saúde, funcionalidade e incapacidade. Método: estudo clínico, prospectivo cujos critérios de inclusão foram: maiores de 18 anos de idade, pacientes que não realizaram transplante hepático. Critérios de exclusão: uso ativo de substâncias psicoativas ilícitas, confusão mental, encefalopatia hepática, cirrose hepática descompensada, diagnóstico de HIV (vírus de imunodeficiência humana) ou VHB (vírus da hepatite B), deficiência intelectual avaliada pelo Quociente de Inteligência (QI) estimado < 70. Foram avaliados antes do início do tratamento e 6 meses após. Utilizamos os seguintes instrumentos: 1. Sintomatologia ansiosa e depressiva: Hospital Anxiety and Depression (HADS) e Beck Depression Inventory (BDI-II). 2. Avaliação neuropsicológica: os testes foram agrupados em 4 índices cognitivos: Funções executivas: Trail Making Test B (TMT-B), Stroop Test, Dígitos, Fluência Verbal Fonológica (FAS) e Animais; Atenção: Trail Making Test A (TMT-A) e Códigos; Memória: Brief Visual Memory Test Revised BVMT-R e Hopkins Verbal Learning Test Revised HVLT-R; Função motora: Grooved Pegboard Test. 3. Avaliação de Saúde Funcionalidade e Incapacidade: World Health Organization Disability Assessment Schedule (WHODAS 2.0). Resultados: Dos 139 pacientes, 77 foram excluídos e 62 foram submetidos às avaliações, considerados para a análise final. Todos apresentaram resposta virológica sustentada (RVS). Considerando o objetivo geral: quanto à sintomatologia ansiosa e depressiva, não foram identificadas diferenças significativas nas pontuações de depressão e ansiedade antes e após o tratamento. Avaliação neuropsicológica: não foram identificadas diferenças significativas nos índices cognitivos antes e após o tratamento. A avaliação mais detalhada de cada teste neuropsicológico mostrou um prejuízo da memória episódica nos testes HVLT-R imediato (p=0,001) e BVMT-R reconhecimento (p=0,01) após o tratamento. Avaliação de Saúde Funcionalidade e Incapacidade não foram identificadas diferenças significativas nos domínios avaliados. Quanto aos objetivos específicos: verificou-se um aumento significativo da depressão HADS-D (ß1=0,92 p=0,046) e no BDI-II (ß1=3,00 p= 0,039) após o tratamento. Quando se ajustou o estadiamento da doença hepática antes e após o tratamento, verificou-se que a ausência de diferença no desempenho dos índices cognitivos se manteve. Observou-se uma melhora significativa no teste TMT A (ß1= 0,63 p=0,02) após o tratamento. No entanto, a piora nos testes HVLT-R imediato (ß1= -0,45 p=0,001) e BVMT-R reconhecimento (ß1= -1,42 p=0,00) após o tratamento se manteve. A análise do impacto do estadiamento hepático, independentemente da sessão de avaliação, não influenciou o desempenho dos pacientes nos índices cognitivos. Porém nos testes cognitivos, observou-se que o grupo de cirróticos teve pior desempenho nos testes de Códigos (ß2= -0,13 p=0,002). Quando o estadiamento da doença hepática foi ajustado pré e pós tratamento, verificou-se que não houve diferença significativa nos domínios avaliados pelo WHODAS antes e após o tratamento do VHC, porém os pacientes cirróticos têm pior relações interpessoais (ß2= -0,06 p=0,02). Conclusões: não houve diferenças significativas nos índices cognitivos, a análise antes e após o tratamento de cada teste neuropsicológico revelou uma piora da memória episódica e esse quadro se mantêm quando consideramos a presença da cirrose. Por outro lado, observou-se uma melhora da atenção após o tratamento, conforme demonstrado pela análise dos testes neuropsicológicos. No entanto, os pacientes cirróticos apresentam piora neste parâmetro. Os pacientes cirróticos apresentaram aumento da sintomatologia depressiva e piora das relações interpessoais