Incidência, padrão e fatores de risco do carcinoma hepatocelular em pacientes com cirrose pelo vírus da hepatite c tratados com antivirais de ação direta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Maman Júnior, Italo
Orientador(a): Cheinquer, Hugo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/220459
Resumo: Introdução: Atualmente, o sistema brasileiro de saúde pública fornece a terapia com antivirais de ação direta (AADs) para todos os pacientes infectados com o vírus da hepatite C (VHC). Mesmo com altas taxas de resposta virológica sustentada (RVS), pacientes com cirrose permanecem sob risco de desenvolver carcinoma hepatocelular (CHC).Objetivo:O objetivo deste estudo foi investigar a incidência do CHC, fatores de risco e padrão de apresentação do tumor em coorte de pacientes com cirrose causada pelo VHC. Métodos:Este estudo de coorte prospectivo incluiu pacientes acima de 18 anos, com cirrose pelo VHC tratados com AADse seguidos por pelo menos 24 semanas após o término da terapia no Ambulatório de Hepatites Virais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil, entre agosto de 2016 e novembro de 2017.Ultrassonografia de abdomefoi realizada até 24 semanas antes do início da terapia. Foram excluídos pacientes com suspeita de CHCatual ou prévio, além daqueles com alcoolismo e/ou co-infecção com vírus da hepatite B (VHB) ou vírus da imunodeficiência humana (VIH). O desfecho primário foi a incidência do CHC.Os desfechos secundários foram os fatores de risco para o CHC e o padrão de apresentação.Análise multivariada foi utilizada para identificar variáveis independentes associadas com o desenvolvimento do CHC.Resultados: total de 234 pacientes com cirrose pelo VHC foram incluídos, sendo 56% homens, com média de idade de 61,2 ± 10,9 anos. RVS global foi 97,4%.Escore basal de Child-Turcotte-Pugh (CTP) A, B e C foi observado em 89,3%, 9,4% e 1,3% pacientes, respectivamente. O escore médio do Model for EndStageLiverDisease(MELD) foi 9,2 ± 2,8. Varizes gastroesofágicas foram encontradas em 43,6% dos pacientes. Diabetes tipo 2 estava presente em 18,8% 8 dos casos. Vinte e um pacientes (9%) desenvolveram CHCde novo durante o seguimento. O padrão do CHC, de acordo com os critérios de estadiamento doBarcelona ClinicLiverCancer(BCLC)0, A, B, C e D, foi observado em 19,0%, 47,6%, 4,8%, 28,6% e 0%, respectivamente. Análise multivariada mostrou que as seguintes variáveis apresentavam risco relativo (RR) significativo para ocorrência de HCC: MELD basal ≥10 (RR: 1,8; p=0,05); ausência de RVS (RR: 6,9; p=0,04); níveis séricos basais de plaquetas<120x109/L (RR: 5,0; p=0,04) eníveis séricos basais de albumina<3,5 mg/dL (RR: 4,6; p=0,005).Conclusões: Alta incidência de CHC foi encontrada após a terapia com AADs, particularmente entre pacientes com cirrose mais avançada sem RVS. A maioria dos pacientes apresentou padrão menosavançado de CHC, classificado como BCLC 0 ou A. Importante ressaltar que mesmo indivíduos com reserva funcional hepática adequada e RVSdesenvolveram CHC, apoiando rigorosa e sistemática vigilância para CHCem todos pacientes com cirrose, mesmo quando apresentarem sucesso na erradicação do VHC com terapia antiviral.