Associação entre experiências precoces adversas e comportamentos relacionados ao suicídio na vida adulta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Coêlho, Bruno Mendonça
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-31012018-085700/
Resumo: INTRODUÇÃO: As adversidade precoces (APs) são um grupo de experiências negativas vivenciadas durante o desenvolvimento e associadas a diversos desfechos clínicos e psiquiátricos. A literatura sobre os transtornos mentais (TMs) e cognições e comportamentos suicidas (CCS) destaca que a exposição a APs durante a infância se relaciona com essas condições na vida adulta. Contudo, o tamanho e a qualidade do efeito das APs nas CCS varia entre os estudos. Como os TMs também determinam CCS, é preciso avaliar a contribuição concomitante de APs e TMs nos CCS. OBJETIVOS: Investigar a relação associativa entre APs e CCS na vida adulta e os fatores determinantes dessa relação. MÉTODOS: Este estudo é uma investigação transversal, multiestratificada e probabilística da população geral da Região Metropolitana de São Paulo. O instrumento Composite International Diagnostic Interview versão 3.0 foi aplicado em 5037 indivíduos adultos. Os fatores sociodemográficos, 12 APs, 20 TMs ao longo da vida e CCS ao longo da vida foram coletados por meio de entrevistas no domicílio do respondente. Foram calculadas as prevalências das APs e estimados os modelos fatoriais, modelos de resposta ao item e modelos de redes para descrever as APs, para amostra total e por sexo. Correlações entre APs e subsequentes TMs ou CCS foram testadas e análises de trajetória avaliaram a mediação da associação entre APs e CCS pelos TMs. RESULTADOS: As APs atingiram 53,6% da amostra e 48,4% apresentaram duas ou mais APs na vida, sendo as mulheres significativamente mais expostas que os homens (59,0% vs 47,66%). Nas análises fatoriais confirmatórias, a solução com três fatores (\"Violência Familiar e Desajuste Parental\"; \"Uso indevido de Substâncias, Criminalidade e Abuso Sexual\"; e \"Adversidade Econômica e Perda Parental\") foi mais ajustada para os homens e a de dois fatores (\"Violência Familiar e Desajuste Parental\" e \"Abuso Sexual e Perda Parental\") mais ajustada para as mulheres. Nas análises de rede, apesar de similaridades na estrutura global, homens e mulheres tem diferenças em APs específicas. O \'TM parental\' (Odds ratio [OR] = 1,99 a 2,27) e a \'violência familiar\' (OR = 1,55 a 1,99) foram as APs mais consistentemente associadas à TM em todas as faixas etárias. Os \'TM parentais\' e as \'adversidades econômicas\' foram associados as quatro classes de TMs examinados (transtornos de humor, ansiedade, controle do impulso e do uso de substâncias). Quando a associação entre APs e CCS foi controlada por TMs, somente o \'abuso físico\' foi associado a tentativas de suicídio em todos os estágios de vida subsequentes (OR = 2,1). Nas análises estruturais, o efeito dos TMs como mediadores da associação entre APs e CCS foi confirmado, sendo essa mediação mais importante nas mulheres. CONCLUSÕES: As APs são um grupo heterogêneo e interrelacionado de fatores de risco. Sua exposição é diferente em meninos e meninas. As APs foram consistentemente associadas a TMs e embora algumas APs tenham sido associadas a CCS, os papéis desempenhados pelos diferentes tipos de APs na infância variam em magnitude, levando a resultados diversos e diferentes níveis de gravidade