“O queima - lata” migração sazonal nas usinas açucareiras paulistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1978
Autor(a) principal: Ribeiro, Maria Jose Ferreira de Araujo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11145/tde-20240301-153122/
Resumo: O presente estudo identificou processos migratórios sazonais em Usinas Açucareiras Paulistas, onde os migrantes exercem atividades no processo de fabricação, contratados especificamente para o período de safra. Focalizou a inserção desses trabalhadores em estruturas produtivas distintas, a pequena propriedade na região de origem, a Usina de Açúcar na de destino e o caráter de trabalho suplementar que os mesmos atribuem às atividades nesta última estrutura. Procurou evidenciar as condições da estrutura social que proporcionam e contribuem para a formação e manutenção desses movimentos populacionais, e também a organização grupal que seus integrantes criaram em demanda às oportunidades de trabalho em São Paulo. Utilizando a Teoria de Grupos de Referência, explicitou como os fatores que limitam a absorção e permanência dos migrantes, tanto nas áreas de origem quanto nas de destino, são percebidos e interpretados a nível individual e grupal. A coesão e o sentido de pertencer à “nação baiana” que estes grupos apresentam motivam sua caracterização diferenciada ante o conjunto de trabalhadores da usina, generalizando-se a denominação “queima-lata” para identificar o migrante sazonal. Vivendo em uma estrutura produtiva incapaz de preencher suas necessidades, os grupos de “queima-latas” aceitam o prolongamento da jornada, e o rítmo intensivo de trabalho que a Usina impõe aos trabalhadores durante o período de moagem. Afigura-se-lhes o trabalho assalariado nas Usinas a maneira mais rápida e viável para obter os recursos necessários a sua manutenção como categoria de trabalhador independente, ou sem necessidade de “trabalhar alugado” o tempo todo na região de origem. A comprovação da incidência desses movimentos migratórios foi feita a partir de levantamento de dados junto a três Usinas, situadas nas regiões de Campinas e Ribeirão Preto. Estes dados permitiram concluir sobre a existência de grupos que criaram um padrão migratório sazonal, sendo seus integrantes todos do sexo masculino, provenientes sobretudo dos municípios baianos de Itaberaba, Ipirá, Iaçu e Livramento do Brumado. Estes foram caracterizados quanto a seus aspectos físicos, estrutura agrária e relações de trabalho dominantes. Os dados referentes à população de migrantes sazonais das três usinas foram obtidos mediante formulários e entrevistas gravadas.