Vivas nos queremos! : os discursos de mulheres em situação de violência doméstica que foram em busca de ajuda

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Damacena, Bianca Machado Quintino
Orientador(a): Zandwais, Ana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/225995
Resumo: Este estudo tem como objetivo compreender os processos sociais, históricos, ideológicos e discursivos que corroboram para que as violências machistas, em especial a violência contra a mulher no espaço doméstico, foco deste trabalho, continuem apresentando números alarmantes de vítimas, inclusive fatais, até os dias de hoje. Ademais, buscou-se refletir sobre possibilidades de interferir na realidade da sociedade patriarcal e capitalista brasileira com vistas a contribuir para o avanço da luta contra as violências. Para tanto, o trabalho foi inscrito sob os pressupostos teóricos da Análise de Discurso de origem francesa, inaugurada por Michel Pêcheux, e possibilitou que conceitos-chave como ideologia, emergência do sujeito para a AD, formações discursivas e ideológicas e condições de produção pudessem ser abordados e discutidos. A análise teórica dos pressupostos da AD aponta que o assujeitamento dos sujeitos é ideológico e se dá sob o que Pêcheux chamou de tomadas de posição. Este estudo ainda faz uma discussão sobre condições de produção que permitem observar os processos históricos, discursivos e ideológicos que determinaram o lugar subalterno da mulher na sociedade ocidental machista, patriarcal e capitalista do século XXI. O corpus desta pesquisa é de natureza experimental uma vez que, conforme Courtine (2014) não se trata de documentos pré-existentes mas de relatos livres de mulheres que passaram por violência doméstica e foram em busca de ajuda na Casa de Referência da Mulher – Mulheres Mirabal, situada em Porto Alegre/RS. As entrevistas foram estruturadas em torno de 3 blocos. O primeiro deles compreendeu as narrativas sobre as infâncias, crenças, familiares, entre outras questões concernentes às condições de existência delas, o que possibilitou compreender o funcionamento e as condições de produção da violência contra a mulher no ambiente doméstico a partir de uma ótica histórico-discursiva; o segundo bloco tratou da convivência com o agressor até o momento em que elas saíram dos lares violentos, dando abertura para se refletir sobre o que ocorre no espaço-tempo de transição entre a casa violenta e a casa de passagem além de como as FIds configuram , nos discursos, a representação de contradições inerentes aos AIEs envolvidos; e o terceiro diz respeito à experiência de cada uma delas com a Mirabal. Após concluir as análises, foi possível observar que dentro da Mirabal circularam práticas, saberes, rituais de acolhimento e de formação feminista, contribuindo para que mulheres que passaram por diversas formas de violência doméstica pudessem retomar a vida e até mesmo tentar ajudar outras mulheres. Demonstrou-se que, na luta de classes, há espaço para mulheres vítimas de violência doméstica se configurarem como sujeitas contraidentificadas ou desidentificadas.