Desenvolvimento de um modelo experimental de doença hepática alcoólica em ratos Wistar : da lesão hepática à disbiose intestinal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Thoen, Rutiane Ullmann
Orientador(a): Álvares-da-Silva, Mário Reis
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/239075
Resumo: Introdução: A doença hepática alcoólica (DHA) embora seja a principal causa hepática de internação e óbito, ainda recebe pouca atenção. Ademais, exceto a abstenção alcoólica, não há tratamento farmacológico estabelecido. A disbiose intestinal está associada à DHA, e é um alvo terapêutico a ser explorado. Modelos experimentais são úteis para testar novas alternativas, mas os modelos de DHA são difíceis de reproduzir e onerosos. Objetivos: Desenvolver modelo experimental de DHA que seja reprodutível e de baixo custo, avaliar a indução de disbiose intestinal, através da análise da composição e diversidade da microbiota entérica, e estimar sua relação com a lesão hepática. Métodos: Foram randomizados 24 ratos Wistar machos em três grupos experimentais: controle (CONT; n=8), alimentados com ração padrão e água com 0,05% de sacarina sódica ad libitum por 4 semanas; álcool 4 (ALC4; n=8), que receberam semente de girassol e etanol a 10% com 0,05% de sacarina sódica ad libitum por 4 semanas; e álcool 8 (ALC8; n=8) que receberam semente de girassol e etanol a 10% com 0,05% de sacarina sódica ad libitum por 8 semanas. Os animais dos grupos ALC4 e ALC8 receberam, por gavagem, 9 horas antes da eutanásia, sobrecarga alcoólica (5g/kg); os animais do grupo CONT receberam água estéril pela mesma via. Foram coletados dados de ingestão alimentar, peso e altura dos animais para avaliação de consumo alimentar e cálculo do índice de Lee; soro e fígado para avaliação bioquímica e de marcadores inflamatórios; e fezes para análise da microbiota intestinal. Todos os procedimentos foram aprovados pela Comissão de Ética para Uso de Animais do HCPA (n° 2018-0257). Resultados: Todos os animais completaram o período de experimentação antes da sobrecarga alcoólica. O consumo total de calorias, líquidos, alimentos sólidos, carboidratos e proteínas foi menor nos grupos ALC4 e ALC8 que nos animais CONT (p<0,01 para todos). O índice de Lee foi menor no grupo ALC 8 em relação a ALC 4 (p<0,01) e CONT (p<0,01), enquanto o consumo de etanol e lipídios foi superior nos grupos ALC4 e ALC8 (p<0,01 para ambos) em relação ao CONT. Os animais do grupo ALC4 apresentaram níveis mais elevados de aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA) e colesterol total (CT) e mais baixos de albumina que os animais CONT (p<0,03 para todos). No grupo ALC8, glicemia, AST, ALT e FA foram mais elevados que nos CONT (p<0,03 para todos), ao mesmo tempo em que houve redução de CT, HDL colesterol e albumina (p<0,03 para todos). A deposição hepática de triglicerídeos (TG), CT e gorduras totais variou de forma decrescente entre os grupos ALC8, ALC4 e CONT (p<0,05). Animais dos grupos ALC4 e ALC8 apresentaram esteatose (microvesicular grau 2 e macrovesicular grau 1; e microvesicular grau 3 e macrovesicular grau 1, respectivamente), enquanto os animais do grupo CONT não tiveram alteração na histologia hepática; em nenhum grupo houve deposição de fibras de colágeno. Os marcadores inflamatórios hepáticos IL-1β, IL-6 e IL-10 não apresentaram diferenças entre os grupos. Houve redução da diversidade bacteriana fecal, com menor abundância relativa do gênero Firmicutes (p<0,005) e maior de Bacteroidetes (p<0,0007) e Proteobacteria (p<0,001) nos grupos ALC4 e ALC8. Foi observado a correlação entre a comunidade microbiana e marcadores da DHA como esteatose, acúmulo de gordura, TG e CT hepáticos e ALT, AST, FA e albumina séricos. Conclusão: O modelo desenvolvido foi capaz de induzir anormalidades bioquímicas e histológicas hepáticas, assim como disbiose intestinal, que reproduzem as alterações descritas na DHA em humanos.