As ondas que (se) movem (n)o mar das torcidas : das charangas à guinada antifascista na Ultras Resistência Coral (1950-2020)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pinheiro, Caio Lucas Morais
Orientador(a): Guazzelli, Cesar Augusto Barcellos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/214026
Resumo: A partir da segunda metade do século XX, os estádios de futebol constituíram-se em um espaçotempo em que torcedores, organizados coletivamente, mobilizaram-se e protagonizaram espetáculos que foram ressignificados até a atualidade. Nesse intercurso, diferentes modelos coletivos do torcer conformaram um mosaico de experiências nos estádios, designados neste estudo como movimentos de primeira, segunda, terceira e quarta ondas, terminologias nevrálgicas para o mapa esboçado nesta investigação. Assim, o recurso da metáfora das ondas do mar, para expressar a história das torcidas, esboça a fluidez e a sutileza das rupturas e das permanências das experiências dos agrupamentos torcedores entre 1950 e 2020, que compreende desde a emergência dos chefes de torcida com suas charangas – primeira onda -, atravessando as torcidas organizadas – segunda e terceira onda -, até a guinada antifascista – quarta onda. Dessa forma, esta tese tem como objetivo central analisar como diferentes modelos coletivos do torcer atribuíram valores e sentidos em cada contexto, a partir dos tensionamentos provocados pela trajetória da Ultras Resistência Coral, torcida antifascista do Ferroviário Atlético Clube (FAC), criada em 2005, que combate o machismo, a homofobia, o racismo e a violência. Nesse sentido, ao interpelarmos a memória desses sujeitos e as residualidades desses acontecimentos, existem duas histórias neste estudo, complementares e associadas, que delineiam, de um lado, uma história social dos modelos coletivos do torcer e, por outro lado, uma história da memória das torcidas e do antifascismo no futebol no Estado do Ceará, ambas histórias (se) movem (n)o mar das torcidas. Para tanto, utilizamos a metodologia da História oral, os recursos de variação de escala micro e macroscópica da micro-história, o trabalho de campo etnográfico, a pesquisa qualitativa no ambiente digital - etnografia virtual, que possibilitaram garimpar, dissecar e entrecruzar entrevistas, periódicos, imagens e formulário eletrônico. Portanto, os seis capítulos desta tese foram divididos em duas partes. Na primeira delas, há a análise desde a reflexão teórico-metodológica que guia o trabalho, a formação do movimento de primeira com a popularidade dos dos estádios, até a profusão das torcidas organizadas na década de 1980 e o desgaste no limiar do século XXI. Na segunda parte da investigação, por meio da emergência da Ultras Resistência Coral - que conforma o movimento de quarta onda da história das torcidas - avaliamos os desdobramentos de um processo de politização externo ao futebol, sob o ponto de vista de esquerda, de multiplicação de torcidas antifascistas que, ao combater a intolerância e os discursos de ódio, redimensionaram aspectos historicamente constituídos nos espaços futebolísticos.