Futebol, fascismo e jornalismo para a cultura de paz: do conflito à mobilização, enquadramentos sobre torcidas antifascistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Orlando, Matheus Ramalho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/255699
https://lattes.cnpq.br/3822131058176449
Resumo: Esta tese de doutorado tem o objetivo principal de analisar a forma como as torcidas antifascistas foram retratadas pela imprensa e também o modo pelo qual esses coletivos se manifestaram em suas próprias páginas nas redes sociais, estabelecendo relações entre os dois tipos de posicionamento. A pesquisa é desenvolvida em um contexto de ascensão do autoritarismo e do conservadorismo no Brasil, o que tem impactado diversos setores da sociedade, incluindo o esporte. Nesse cenário, as torcidas antifascistas de futebol surgem com demandas que extrapolam os domínios futebolísticos, com pautas que dizem respeito à sociedade como um todo: clamam por justiça social, igualdade e democracia. Parte-se da hipótese de que os veículos de comunicação convencionais costumam fazer uma cobertura limitada e nem sempre aprofundada e questionadora quando os fatos fogem da normalidade, como é o caso da atuação das torcidas antifascistas no contexto brasileiro. O problema de pesquisa que orientou essa perspectiva foi: com base no caso das torcidas antifascistas, a imprensa esportiva tradicional pode melhorar e aprofundar sua cobertura? Na tentativa de responder a esse questionamento, a tese faz uso de pesquisa bibliográfica para conceituar e discutir três tópicos: a questão do fascismo e da viabilidade do uso deste termo nos dias atuais; as relações entre futebol e política, com destaque para a apresentação do que são as torcidas antifascistas; o jornalismo para a cultura de paz, com a defesa do uso dessa corrente comunicacional em coberturas esportivas. Em seguida, o trabalho se volta à análise propriamente dita: compõem o corpus do trabalho os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo e as páginas de Facebook dos grupos de torcedores Palmeiras Antifascista e Coletivo Democracia Corinthiana, e são avaliadas, com o método da análise de enquadramento, publicações e postagens do período entre 2018 e 2022. Verificou-se que os jornais empreenderam uma cobertura limitada temporalmente, fiando-se mais pelo caráter de acontecimentos e focalizando questões de conflito, enquanto as torcidas abarcaram grande número de temas em seus posts, que foram, na maioria das vezes, direcionados para o objetivo de suscitar mobilização. A tese defende que se pode falar em fascismo na atualidade, sem cometer anacronismo: trata-se de ideologia calcada na violência e na divisão da sociedade, de maneira que o jornalismo para a cultura de paz é, nas coberturas em geral e também no esporte, uma corrente válida para que a mídia seja mais democrática, diversa e comprometida com a igualdade e a justiça social. Também se defende que todo o jornalismo adote uma postura comprometida com o antifascismo.