Resumo: |
Devido às reconfigurações que o digital provocou na produção e difusão fotográfica, alguns teóricos e críticos defendem a pós-fotografia. Para avaliar a pertinência desse conceito, realizou-se uma investigação que analisou os contextos de surgimento e difusão da fotografia, bem como seus trânsitos sociais, a fim de identificar se as mudanças e permanências justificavam, ou não, a adoção de um paradigma pós-fotográfico. Por meio da flânerie e da reportagem, foram recolhidos fragmentos observáveis – como álbuns de família, cartões-postais, registros de debutantes e selfies – que compuseram o patchwork de análise. A partir dessa tessitura, foi possível compreender que em vez da superação ou reconfiguração radical, o que houve foi uma exacerbação do fotográfico, o que justifica o conceito de hiperfotografia e não de pós-fotografia. Este momento hieperfotográfico é regido por uma imaginação luminosa que despreza a sombra e o negativo, ofuscando a compreensão do meio fotográfico em sua ambivalência de luz-sombra e, como consequência, aprisiona as discussões ao signo do real, desprezando a abertura para a sombra, que traria uma nova compreensão da fotografia a partir da potência fantástica e ficcional. |
---|