Doença hepática gordurosa metabólica na atenção primária à saúde : alto risco e baixo diagnóstico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Vargas, Márcia da Silva
Orientador(a): Joveleviths, Dvora
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/246527
Resumo: Introdução: A doença hepática gordurosa metabólica (DHGM) está associada a distúrbios como obesidade, diabetes e dislipidemia, e atualmente é reconhecida como a hepatopatia mais comum em todo o mundo, acometendo em torno de 25% da população. Recentemente tem sido discutida a implementação de políticas de saúde pública para a sua detecção precoce. Objetivo: Avaliar a prevalência de fatores de risco na atenção primária à saúde (APS), estimando a presença de DHGM. População e Método: Análise retrospectiva de todos os prontuários eletrônicos de pacientes atendidos em APS em uma microrregião de uma capital do sul do Brasil no período de 1 de janeiro de 2015 a 18 de março de 2018. Foram coletados dados demográficos, clínico-farmacológicos, laboratoriais e de imagem para avaliar os perfis glicêmico, lipídico e hepático, bem como a presença da síndrome metabólica (SM). A estimativa da fibrose hepática foi feita pelo escore FIB-4. Resultados: Foram avaliados 12.054 pacientes, 65,4% mulheres, com média de idade de 55,3 anos. Desses, 34,3% eram hipertensos, 40,8%, dislipidemicos e 12,2%, diabéticos. Dentre os 8533 pacientes com exame disponível, glicemia foi > 100 mg/dL em 34,5% e a hemoglobina glicada foi superior a 5,7% em 51,5%. Colesterol total foi solicitado em 5137 casos e níveis > 200mg/dL ocorreram em 40,8%, triglicerídeos foram em 7401 e níveis > 150mg/dL foram descritos em 32,1% da população. Peso e altura foram descritos em 10,7% das consultas, sendo que em 77% dos casos o IMC detectou sobrepeso ou obesidade. Dos 5605 com ALT disponível, em 16,8% das vezes ela estava alterada. Exames de imagem foram solicitados em 12,6% da amostra. Conforme cálculo do escore FIB-4 realizado em 4.022 pacientes, em torno de 5% estavam sob risco de apresentar fibrose avançada e/ou cirrose. Conclusão: É alta a prevalência de fatores de risco para DHGM em APS. O FIB-4 com o ponto de corte de 2,67, associado às elevadas taxas de risco metabólico, indicam que há chance significativa de hepatopatia severa nesta população e corrobora a ideia de que a doença não é percebida adequadamente na porta de entrada do sistema de saúde, do mesmo modo que, mais da metade da população avaliada pelo FIB-4 se beneficiaria do tratamento em APS. Esses achados reforçam serem necessárias capacitações dos profissionais de saúde e protocolos clínicos voltados para estes serviços.