Avaliação da prevalência e dos fatores de risco associados à doença hepática gordurosa não-alcoólica em serviço de atenção primária à saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Rabie, Soheyla Mohd Souza
Orientador(a): Álvares-da-Silva, Mário Reis
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/219419
Resumo: A doença hepática gordurosa não-alcóolica (DHGNA) já é a maior causa de doença hepática em todo o mundo, e é esperado um aumento em sua incidência nos próximos anos. A síndrome metabólica (SM) é um componente importante para o seu desenvolvimento. O espectro da doença inclui esteatose, esteato-hepatite, cirrose e carcinoma hepatocelular, mas a principal causa de óbito é a doença cardiovascular. Embora a maior parte dos pacientes com SM esteja em acompanhamento clínico não especializado, o rastreamento da DHGNA em população de risco ainda não está estabelecido. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de DHGNA em Serviço de Atenção Primária à Saúde (SAPS) e os fatores associados à essa condição. Foram aleatoriamente selecionados 330 individuos em acompanhamento no SAPS Hospital de Clínicas de Porto Alegre submetidos à avaliação clínica e nutricional, incluindo questionário de frequência alimentar e questionário específico para carnes. A presença de esteatose hepática foi estimada através do Fatty Liver Index (FLI) e o risco de fibrose hepática pelo NAFLD Fibrosis Score (NFS). O escore Atherosclerotic Cardiovascular Disease (ASCVD) foi aplicado na estimativa do risco cardiovascular (RCV). Na amostra, 71,8% eram mulheres, com média de idade de 58 anos, sendo 90,9% de cor branca. Obesidade (IMC ≥ 30kg/m2) esteve presente em 31,8% dos indivíduos, sendo que em 75,5% a circunferência da cintura era elevada. Em 47,6% dos pacientes foi determinada a presença de SM. A frequência de glicemia de jejum elevada ou diabetes melito tipo 2, hipertensão arterial e hipertrigliceridemia foi de 32,1%, 52,1% e 29,4%, respectivamente. Em 39,4% dos indivíduos FLI foi ≥ 60, indicando a presença de esteatose, e, dentre estes, em 50% o NFS foi compatível com risco intermediário e em 9,2%, com risco avançado de fibrose. Os pacientes com esteatose eram mais velhos (p 0,002), de cor não branca (p 0,003), com SM mais frequente (p<0,001), bem como foram mais elevados os níveis séricos de glicemia em 4 jejum, triglicerídeos, aminotransferases e gama glutamil transferase (p<0,001 para todos) e inferiores os níveis de HDL-colesterol (p 0,038). Os pacientes com esteatose apresentaram RCV mais elevado, de acordo com ASCVD (p<0,001). Não houve diferença entre pacientes com e sem esteatose no que se refere à ingestão calórica e macronutrientes da dieta. Entretanto, o consumo de carnes brancas foi maior nos pacientes sem esteatose (p 0,04). Em conclusão, é alta a prevalência de SM e esteatose hepática em pacientes em acompanhamento clínico em SAPS, com risco significativo de fibrose hepática e de doença cardiovascular no futuro.