A distribuição das clivadas canônicas e das pseudoclivadas no discurso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Moretto, Gian Franco
Orientador(a): Menuzzi, Sérgio de Moura
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/235218
Resumo: Este trabalho apresenta uma discussão sobre a distribuição das clivadas canônicas e das pseudoclivadas em textos escritos no português brasileiro. Partindo do pressuposto de que tais construções funcionam como “poderosos mecanismos de organização do discurso” (HEDBERG, 1988; 1990), objetiva compreender as propriedades que as elas exibem em posição inicial, medial e final de textos escritos, com base nos conceitos informacionais dadidade-novidade relacional e dadidade-novidade referencial (GUNDEL, HEDBERG, ZACHARSKI, 1993; HEDBERG, GUNDEL, BORTHEN, 2019). Suas hipóteses preveem que (i) em posição inicial, será mais fácil encontrar clivadas canônicas do que pseudoclivadas, em virtude de as primeiras veicularem uma pressuposição informativa (PRINCE, 1978), e de as segundas terem associadas à oração clivada um nível mais alto de dadidade referencial; (ii) em posição final, será mais fácil encontrar clivadas canônicas do que pseudoclivadas, em virtude de as primeiras frequentemente terem como função finalizar segmentos temáticos, enquanto as segundas frequentemente servem para introduzir (sub)tópicos quando o constituinte clivado é [- ativado]; e (iii) em posição medial, serão encontradas as duas construções, em que o uso de uma clivada canônica poderá indicar a abertura ou a finalização de um segmento textual. Como procedimento metodológico, foi realizado um estudo de corpus com base nos dados do CorPop (corpus de referência do português popular brasileiro escrito (PASQUALINI, 2018; FINNATO, 2012)), em que o grau de ativação do constituinte clivado e da oração clivada foi analisado de acordo com a sua posição no discurso. Os resultados demonstraram que (i) clivadas canônicas de fato são mais frequentes do que pseudoclivadas em abertura e em finalização de discurso, (ii) nas duas construções, o constituinte à esquerda tende a veicular informação que é mais dada em relação ao constituinte à direita, ainda que ambos sejam [ + ativados]; (iii) em abertura de discurso, é a asserção da clivada canônica que contribui para a progressão do discurso; (iv) pseudoclivadas parecem ter a si associadas uma pressuposição de unicidade, enquanto nas clivadas canônicas a pressuposição pode ser apenas existencial. As conclusões ressaltam, ainda, a importância de analisar tais resultados face ao gênero textual, uma vez que a clivada canônica com pressuposição informativa, encontrada apenas em posição inicial nos textos do CorPop, pôde ser encontrada em posição medial em textos acadêmicos.