Clivadas com somente : delimitando as propriedades semântico-pragmáticas das clivadas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Moretto, Gian Franco
Orientador(a): Menuzzi, Sérgio de Moura
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/150301
Resumo: Esta dissertação de mestrado tem como objetivo estudar a relação entre as propriedades semântico-pragmáticas das clivadas e as do advérbio somente. Mais especificamente, procura, por meio do estudo de ocorrências de clivadas com e sem somente, delimitar tais propriedades, verificando se os chamados “efeitos de exaustividade” (Kiss, 1998) são propriedades inerentes a esse tipo de construção. De acordo com Teixeira e Menuzzi (2015), a impossibilidade do uso de clivadas com somente em certos contextos indica que ela não é exaustiva – propriedades independentes de somente, contudo, também podem ser responsáveis por essa inadequação. Em nosso estudo, exploramos as razões que levam a essa inadequação, a partir de duas hipóteses: (i) da pressuposição de unicidade e (ii) das implicações de somente: a prejacente e a de exclusão. De acordo com Szabolcsi (1994); Wedgwood et. al (2006), a primeira hipótese afirma que clivadas pressupõem que apenas um único indivíduo satisfaz a predicação expressa em sua oração, o que nos leva a concluir que não pode ser adequada com somente, já que seria redundante assertar exclusão. A segunda hipótese, contudo (cf. Horn 1969, 1981), afirma que clivadas pressupõem apenas existência – não sendo incompatível com a noção de exclusão, permitiria que fossem usadas com somente. A partir de análises de clivadas com e sem somente em diversos contextos, nossos julgamentos de aceitabilidade indicam que, embora clivadas possam pressupor unicidade, esse não é, de fato, um requisito necessário para o seu uso. E, no caso de somente, também verificamos que não basta que clivadas pressuponham apenas existência, as implicações de somente também precisar ser satisfeitas contextualmente. Em resumo, acreditamos que a pressuposição da clivada não precisa ser de unicidade, não implica necessariamente exclusão e é, portanto, mais fraca do que a literatura em geral supõe. Com objetivo de verificar nossos julgamentos de aceitabilidade, aplicamos testes Likert em um grupo diverso de falantes de língua portuguesa, para que julgassem textos contendo clivadas com e sem somente. Casos em que a clivada com somente pressupõe apenas existência parecem se correlacionar com os nossos julgamentos, mas casos de unicidade e de satisfação dos requisitos de somente mostram-se problemáticos – em especial quando somente envolve alguma noção de “contra-expectativa”. Esses casos, estudados em pormenor, indicam a necessidade de controlarmos mais fortemente variáveis que envolvam a leitura dos textos aplicados e de investigar outros tipos de inferências possivelmente levantados por somente.