Uma análise funcional das construções clivadas na tradução do inglês para o português do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Bomtorin, Patricia [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/193295
Resumo: Este trabalho visa a equacionar o modo de expressão das construções clivadas, a partir do exame dessas construções nas traduções para o Português Brasileiro (PB, daqui em diante) de obras best sellers, do autor Dan Brown, avaliadas na relação com as construções correspondentes, na língua inglesa de origem. Uma das motivações da pesquisa é o fato de que as descrições dos expedientes de clivagem baseiam-se, em geral, em propostas feitas originariamente para a língua inglesa nas duas línguas. Essas construções dispõem de uma estrutura sintática diferenciada daquela de orações canônicas, por apresentarem marcada uma função pragmática de Foco, isto é, de saliência dentro de uma proposição. Segundo Lambrecht (2001), em inglês há três tipos de sentenças clivadas: as it-clefts; as wh-clefts; e as reverse wh-clefts; enquanto no PB, segundo Braga e Barbosa (2009), são sete os tipos existentes. Essa diferença estrutural entre as línguas obviamente se vê refletida na tradução, e é isso que se verifica neste trabalho. Tem-se como hipóteses que: (i) procurou-se manter o máximo possível de correspondência semântica e de efeito pragmático; (ii) buscou-se obter naturalidade de expressão, isto é, obter que a expressão fosse o mais natural possível para aquele tipo de contexto; e (iii) a tradução não implica a necessidade de manutenção do expediente de clivagem, podendo-se optar por outras estratégias de Foco em PB. A partir dessas hipóteses, objetiva-se investigar, no corpus mencionado, as diferenças estruturais entre o inglês e o PB no que tange às estruturas clivadas. Para dar conta de analisar não apenas a estrutura sintática das construções clivadas, mas também seu valor semântico e suas funções pragmáticas, adota-se aqui o aparato teórico da Gramática Funcional, a qual se preocupa com a organização gramatical de línguas naturais em uso, e, nesse sentido, seguem-se principalmente autores como Nichols (1984), Dik (1997), Halliday (2004), Lambrecht (1994, 2001), Longhin (1999) e Neves (2004). Encontraram-se, no corpus de língua inglesa, 216 construções clivadas, e em PB apenas 167 construções se mantêm clivadas, mas verifica-se que o efeito semântico-pragmático foi mantido com o uso de outras estratégias de Foco, como esperado. Conclui-se que o expediente de clivagem mais frequente no corpus é o das it-clefts em inglês e suas correspondentes (ser) X que(m) em PB. Outra conclusão a que se chega é que essas construções são marcadas com função de foco contrastivo, e elas focalizam não só informação nova, mas também informação velha e inferível, a depender do tipo de clivagem.