Avaliação da toxicidade pré-natal : estudo de teratogenicidade do inseticida piriproxifeno em ratos Wistar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Sartori, Amanda S.
Orientador(a): Mello, Joao Roberto Braga de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/238428
Resumo: O piriproxifeno é um pesticida análogo ao hormônio juvenil de insetos. A molécula age mimetizando o hormônio regulador de crescimento, impedindo que os insetos atinjam a maturidade ao interromper o desenvolvimento larval, o que resulta em sua morte. Recomendado pela Organização Mundial da Saúde para uso em água potável no controle da dengue, o piriproxifeno foi definido pelo Governo Brasileiro no ano de 2014, como uma das formas de controle focal das larvas do mosquito Aedes aegypti, após a detecção de populações de mosquitos resistentes aos inseticidas comumente utilizados no país. Contudo, o inseticida foi apontado como uma das possíveis causas da epidemia de microcefalia no Brasil ao final do ano de 2015. Considerando-se os escassos dados disponíveis sobre a toxicidade do piriproxifeno e a sua possível relação com o aumento da incidência de microcefalia em recém-nascidos, este estudo investigou a toxicidade reprodutiva do inseticida em ratos Wistar, avaliando seus efeitos no desenvolvimento fetal da progênie, bem como a presença de malformações externas e alterações esqueléticas nos animais expostos durante a fase da organogênese. Os animais foram divididos em quatro grupos experimentais: 1P (piriproxifeno 100 mg.kg-1), 3P (piriproxifeno 300 mg.kg-1), 5P (piriproxifeno 500 mg.kg-1) e CN (controle negativo). As fêmeas foram tratadas por gavagem, com auxílio de sonda orogástrica, do 6° ao 15° dia de gestação, conforme segmento II, recomendados pela Organization for Economic Cooperation and Development (2001) e Food and Drug Administration (1994). Durante a gestação, as progenitoras foram monitoradas quanto às alterações de massa corporal relativa, consumo de água e ração. No 21° dia de gestação, as fêmeas foram eutanasiadas para avaliação reprodutiva, teratogênica e de variáveis sistêmicas. Os fetos foram avaliados quanto à embriotoxicidade e à presença de malformações externas e alterações esqueléticas. Os resultados demonstraram que a administração do piriproxifeno não provocou toxicidade materna sistêmica, uma vez que não foi evidenciada alteração no consumo de água e ração, nem no peso dos órgãos. Além disso, não foi detectada presença de diarreia, piloereção, tremores, hemorragia ou outras alterações sistêmicas. O inseticida também não causou perdas nos índices reprodutivos, como no número de fetos por progenitora e perdas pós-implantação. A administração do piriproxifeno pode ter determinado aumento na média da massa corporal dos fetos, na maior dose testada (500 mg.kg1 ), contudo, não demonstrou interferência nos demais índices fetais. Não foram detectadas alterações teratogênicas, nem malformações externas nos fetos avaliados, no entanto, pode-se perceber que os animais expostos ao inseticida apresentaram aumento significativo de alterações esqueléticas sugestivas de retardo de desenvolvimento, especialmente nas doses mais altas testadas (300 mg.kg-1 e 500 mg.kg-1). Diante dos resultados encontrados, conclui-se que a administração do inseticida piriproxifeno em ratas Wistar possa interferir na gestação de fêmeas tratadas no período organogênico, no que se refere ao desenvolvimento fetal. Por fim, diante da situação complexa de risco para a saúde humana, mostra-se importante a execução de investigações adicionais por meio de estudos em outras espécies animais, juntamente com estudos epidemiológicos, de forma a contribuir com a adequada avaliação de risco para o uso do piriproxifeno em água potável.